por Dom Fernandes III
O Diário Bola Preta e seus jornais associados, como a Folha da Madrugada, têm por hábito elaborar editoriais mensais.
O princípio é que um cavalo de perto pode parecer um asno, mas um asno de longe sempre será um asno.
Tomamos distância para atacar.
Estrategicamente, a distância correta para um editorial é de pelo menos 30 dias.
Contudo, soltamos vez ou outra "notas editorais" como esta, para "ajudar amigos".
Desta vez, fui contactado pelo estagiário de uma revistinha de palavras cruzadas, que não compreendeu bem o editorial de seu Amo.
Questionou-me, educadamente, qual seria o nosso "Manual de Redação e Estilo" para que pudesse consultar e verificar melhor se conseguia compreender o editorial de seu Amo.
Bem, comprei a tal revistinha de palavras cruzadas e fui ler o editorial.
Realmente sofrível o texto. Ideias confusas, frases sem sentido, períodos inacabados e assim por diante, floreando a peça.
No mais, o editorial se dava ao trabalho de negar a realidade. E ai é que mora o maior banditismo do jornalismo. Negar fatos, para um jornalista, deveria dar cadeia, mas para uns, acaba dando é cadeia nacional.
Respondendo ao meu amiguinho estagiário da revistinha de charadas, lembrei que o nosso Diário é centenário e que por isso usamos 3 manuais de redação e estilo que são muito, muito, mas muito antigos mesmo. Ei-los: Techné Rhetorikhé e Éthikon Nikomacheion, ambos de Aristóteles e o Institutio Oratoria de Quintiliano. São de domínio público já, pois os autores morreram há mais de setenta anos. São bem curtinhos e simples de ler e todas as regras necessárias estão lá com uma facilidade de leitura inigualável.
Há outros dois manuais de redação e estilo também bem facinhos de ler e ambos do mesmo autor, um tal de Marco Tulio Cicero: o Orator e o Rhetorica ad Herenium. Aliás, os editoriais desse moço também eram bons, como o Pro Archia, De Domo Sua, Pro Plancio e os saborosos editoriais de Catilinárias. Eram bons também os de Demósthenes e Lysias, que Marco Tulio os seguia de algum jeito no estilo. Lendo esses manuais, o estagiário vai resolver todos os seus problemas de redação, editoração, corte e copydesk de textos.
Mas, enfim --- voltando ao tal editorial da revistinha de palavras cruzadas: o mais grave é negar os fatos e isso não tem muito conserto não.
Nem igreja conserta, o que, aliás, diga-se de passagem, o tema era bem religioso.
Era sobre uma suposta compra de uma imagem de Cristo. Mas os fatos indicam que a compra se deu com dinheiro sujo (tipo dinheiro roubado). E ai, assim, se a compra foi com dinheiro sujo, essa tal compra encobre um roubo que a antecede. É como se fosse um roubo de fato, mas você chama essa surrupiada do Senhor de compra e acha que fica então resolvido e penitenciado o pecado anterior.
Mas não fica não.
Assim, se eu puder resolver isso para o estagiário, eu deixaria a seguinte dica a ele:
ROUBAR O CRISTO É PIOR QUE CHUTAR A SANTA.
Amém!
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