Caderno de Assuntos Menores
por Eugênio Villas
Ah, eles estão voltando...
Não apenas os bingos, aquela coisa chata, que outrora já foi chamada de tômbola e ainda inferniza até hoje as quermesses juninas e julinas: os cassinos estão vindo junto com eles, os bingos, que trazem também as casas de aposta e outros estabelecimentos do jogo, da alegria, do entretenimento, do dinheiro, da sorte, da sociabilidade, enfim, da vida!
Paramos no tempo, lá atrás, quando o tresloucado Jânio Quadros jogou os jogos no ostracismo: eles existem, mas para poucos.
Agora poderemos agir como democracia verdadeira - eles existirão e para todos.
Todos, ricos ou pobres, brasileiros ou estrangeiros, não precisarão esperar mais as quartas e sábados para exercer esse sadio hábito de apostar.
Vivemos dando palpites, apostando - enfim, o brasileiro é o mestre da esperança: ele pensa, alguns segundos, acha alguma coisa vagando na cabeça, um número, uma imagem, qualquer coisa e logo fala, sempre em tom profético - é isso!
Por que não ganhar dinheiro com essa arte tipicamente brasileira de dar palpites?
Ora, ora... passou do tempo de sairmos desse confinamento janista!
Vamos jogar!
Vamos apostar!
Vamos mudar o Brasil com o baralho na mão!
Pois com o baralho na mão, do brasileiro ninguém vence!