segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Casas do Baralho

Caderno de Assuntos Menores
por Eugênio Villas

Ah, eles estão voltando...

Não apenas os bingos, aquela coisa chata, que outrora já foi chamada de tômbola e ainda inferniza até hoje as quermesses juninas e julinas: os cassinos estão vindo junto com eles, os bingos, que trazem também as casas de aposta e outros estabelecimentos do jogo, da alegria, do entretenimento, do dinheiro, da sorte, da sociabilidade, enfim, da vida!

Paramos no tempo, lá atrás, quando o tresloucado Jânio Quadros jogou os jogos no ostracismo: eles existem, mas para poucos.

Agora poderemos agir como democracia verdadeira - eles existirão e para todos.

Todos, ricos ou pobres, brasileiros ou estrangeiros, não precisarão esperar mais as quartas e sábados para exercer esse sadio hábito de apostar.

Vivemos dando palpites, apostando - enfim, o brasileiro é o mestre da esperança: ele pensa, alguns segundos, acha alguma coisa vagando na cabeça, um número, uma imagem, qualquer coisa e logo fala, sempre em tom profético - é isso!

Por que não ganhar dinheiro com essa arte tipicamente brasileira de dar palpites?

Ora, ora... passou do tempo de sairmos desse confinamento janista!

Vamos jogar!

Vamos apostar!

Vamos mudar o Brasil com o baralho na mão!

Pois com o baralho na mão, do brasileiro ninguém vence!