segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Origem Jurídica da Crise

Caderno de Legislação
por Clóvis Hauser (estagiário com OAB!!!)

Ninguém nega que a crise pela qual passa o Brasil tem um culpado de plantão: a PETROBRAS.

Sim, é tudo culpa dessa infeliz pessoa jurídica. Trata-se de uma pessoa jurídica tão viva e tão esquizofrênica, como lembrou Joel Balkan, que sim, podemos dizer que ela está triste.

E essa tristeza vem de longe, como lembra o finado e astuto Paulo Francis.

Mas se engana quem acha que o problema está nela, nessa pessoa (jurídica) triste, que hoje verte lágrimas de querosene.

Tudo começou em 1994, quando ela passou a ser obrigada a mesquinharias impostas por uma lei nefasta e sem sentido, que foi editada em julho de 1993.

Na verdade, em 1986 já tinham tido uma gênese dessa ideia juridicamente absurda, mudando algo que era simples e nada burocratizado, de um certo decreto de 1967.

Antes de 1967, porém, era tudo uma maravilha! Paulo Francis já havia notado isso.

Mas em julho de 1993 vem o desastre - aquela lei tosca, sem sentido, cheia de burocracias e que acabou com a liberdade dessa alegre sociedade de economista mista. E a partir de então ela ficou triste.

Tudo isso por causa dessa lei maldita.

Já dizia Aristóteles que ser feliz é ter amigos.

A contrario sensu, ser triste é não ter amigos.

Impedir que a PETROBRÁS tenha amigos e torná-la uma pessoa (jurídica) triste.

Se a PETROBRÁS estiver triste, o país entra em crise.

Para que ela possa voltar a ser feliz, ela precisará de amigos.

A Lei 8.666/93 impede que a PETROBRÁS tenha amigos, qual seja, impede que a PETROBRÁS seja feliz!

Para acabar com a crise, revoguemos a LEI 8.666/93.

Pois uma lei que "666" em seu número, boa coisa não traz para o nosso país!

Esse é o meu parecer.

A Origem do Zika

Caderno de Saúde
por Doutor Pangloss

Muitos me perguntam acerca da origem do vírus Zika e como teria ele vindo parar no Brasil.

Essa é uma questão intrigante.

O nome tem origem em uma floresta que fica na região central da África, também chamada de Zika. Foi portanto na Floresta Zika que esse vírus se desenvolveu e saiu sendo transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti, no vulgo vernáculo, o Odioso do Egito.

Não se tinha ouvido falar desse vírus por aqui, nem mesmo tínhamos registro dele até que, em 2014, visitantes torcedores que chegaram para a Copa do Mundo da FIFA, trouxeram essa novidade sanitária para o Brasil.

Tivemos 4 países africanos situados próximos da Floresta de Zika que participaram do evento no Brasil: Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Camarões.

Camarões jogou em Natal, Manaus e Brasília.

Costa do Marfim jogou em Recife, Brasília e Fortaleza.

Nigéria jogou Curitiba, Cuiabá, Porto Alegre e Brasília.

Gana jogou em Brasília, Fortaleza e Natal.

Note o leitor de que todos os países de origem suspeita do vírus, todos, sem exceção, jogaram em Brasília.

Desta forma, como doutor especialista em questões sanitárias, não tenho qualquer sombra de dúvida em responder ao leitor que a origem do vírus Zika é BRASÍLIA.

Casas do Baralho

Caderno de Assuntos Menores
por Eugênio Villas

Ah, eles estão voltando...

Não apenas os bingos, aquela coisa chata, que outrora já foi chamada de tômbola e ainda inferniza até hoje as quermesses juninas e julinas: os cassinos estão vindo junto com eles, os bingos, que trazem também as casas de aposta e outros estabelecimentos do jogo, da alegria, do entretenimento, do dinheiro, da sorte, da sociabilidade, enfim, da vida!

Paramos no tempo, lá atrás, quando o tresloucado Jânio Quadros jogou os jogos no ostracismo: eles existem, mas para poucos.

Agora poderemos agir como democracia verdadeira - eles existirão e para todos.

Todos, ricos ou pobres, brasileiros ou estrangeiros, não precisarão esperar mais as quartas e sábados para exercer esse sadio hábito de apostar.

Vivemos dando palpites, apostando - enfim, o brasileiro é o mestre da esperança: ele pensa, alguns segundos, acha alguma coisa vagando na cabeça, um número, uma imagem, qualquer coisa e logo fala, sempre em tom profético - é isso!

Por que não ganhar dinheiro com essa arte tipicamente brasileira de dar palpites?

Ora, ora... passou do tempo de sairmos desse confinamento janista!

Vamos jogar!

Vamos apostar!

Vamos mudar o Brasil com o baralho na mão!

Pois com o baralho na mão, do brasileiro ninguém vence!

Oscar

Caderno de Cultura
por Dionísio Crátino

Injustiça novamente!

Não entregar a estatueta para Sly foi mais uma comprovação de que essa é uma festa dazelite.

Sly teria que ter sido o grande vencedor da noite.

Ou será que alguém ainda confunde o Rambo com o Rocky?

Lamentamos também, profundamente, a ausência de nossa Presidenta Dilma Vana Rousseff no evento,que torcia por Sly, homem que tanto amou o nosso Brasil do jeito que mais gostamos de ser amados: aquele amor explosivo.

Ela estava, de fato, em missão no Chile e não pode participar dessa festa.

Essa gente mesquinha, desordeira, fofoqueira, desocupada, inconsequente, enfim, essas pessoas do cussujo insistem em dizer que, como havia o risco da Cerimônia ser transmitida ao Vivo e em cores na festa de aniversário do PT, a nossa Presidenta, para não correr o risco de aparecer sem querer na festa do PT, resolveu ver a Cerimônia do Oscar em uma TV de tela plana no Chile.

Mentira!! Tudo mentira!!!

Coisa dessa imprensa marrom, desses blogs sujos, dessa gente descupada da internet! Ela não foi porque estava em missão no Chile. Pronto, acabou. PT saudações!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Traição

Caderno de política
Por Cícero Esdras Neemias

Coalizões formadas no limite das forças dão azo a desequilíbrios e instabilidades, ora de dentro do barco, ora de fora.

O que define a vida em política e reestabelece a paz é a traição (ao lado da mentira). Vamos tratar da mentira outro dia. Hoje é dia de traição, já em continuidade às colunas anteriores, sobre como funciona uma coalização ampla relativa a brasileira, onde já tratei aqui e aqui.

No nosso quadro político, a traição é algo vital para o sucesso de um governante.

Sem traição não há estabilidade.

Um ato de traição bem perpetrado motiva outros micro-movimentos de atraiçoamento.

Isso recompõe, digamos, as bases.

Uma bela puxada de tapete, com classe, justifica que amigos se tornem adversários e que adversários se tornem amigos, recompondo o jogo de forma a surpreender os espectadores. Uma "cama de gato" sem qualquer elegância e no estilo mais varzeano possível também tem seus adeptos (com fã clube e tudo mais).

Uau: parece um passe de mágica – nada nesta mão, nada nesta e, de repente, um adversário surge do nada e aquela moça presa na jaula se transforma numa onça pintada, enquanto que a flor se torna pomba e o chimpanzé se transforma na moça que havia sumido, que come a onça viva, ao vivo. Ilusão, tudo ilusão: seus olhos estão sendo traídos, mas o espectador aplaude a traição!

E os espectadores querem isso: a sensação de surpresa!

É a pequena traição embalada com os lacinhos de seda da surpresa que autorizam o traidor a passar de mascate a Barão: João Romão e Bertoleza que o digam.

E veja-se: foi da traição que fez-se a nova luz no Cristianismo – sem Judas não haveria o martírio e, graças a coragem de Judas que Pedro negou o Homem três vezes e estimulou os demais a “darem área”. Sem isso, será que Ele voltaria? Bem, isso é outro assunto... Voltemos ao Brasil.

Ele (sim, Ele e não ele) voltou porque foi traído: e assim gostam aqueles que dormem nos braços do Povo e discursam para multidões – foi assim com Vargas, com Perón, com Napoleão, com Charles II. A par com Vargas, no Brasil, os exemplos recentes são abundantes, pitorescos, picarescos e picantes: envolvem familiares, amantes, sócios, parceiros de voto e comunhão.

Nossa história política é uma história de coalizões amplas; é uma história de traições. Não há coisa mais bem feita neste país do que as traições, já dizia Nelson Rodrigues.

A traição política higieniza defecções e defecações anteriores como nenhum outro bálsamo.

O lado ruim é que quem dele prova, nele se vicia (para sempre) e passa confundir essa carta do baralho político com o coringa da trapaça comum.

Jogo com muitos coringas torna-se, normalmente, muito perigoso e pode levar a mão e as canastras formadas (lembremos, canastras com coringas são sempre sujas) a uma pontuação posterior desclassificatória.

Aguardemos o(a, s, as) traidor(a, es, as).



sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Merenda: mudança importante

Caderno de Gastronomia
por Chef Garçon B. B. Fichu

Çá-vá!

Mudança importante no cardápio das merendas escolares em SP.

Em virtude da crise d'argent, que já faz um belo tour, a substituição das comidas por algo mais, on dit, nutritivo, farto, saboroso, tradicional, elementar, faceiro, picante, divertido e edificante, haverá d'entrar nas mesas das crianças daquel'estado tão progressita et caterva trabalhador, bastante em breve:

PIZZA!!!



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Oráculo

Melhoras na Economia do Brasil virão! Vejo um PIB positivo e o fim de uma série negativa... em 2019.
Kawó Kabiesielé!
Walt from Shangow, Rev. 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Fubango

Caderno de Cultura
Por Pinto Cançado

Olá pessoal! Estamos de volta esta semana com mais uma dúvida sobre língua.

Desta vez os leitores querem saber a origem, o significado e os usos dessa palavrinha que vem sendo bastante utilizada nos jornais ultimamente: FUBANGO.

Ora, ora; pois bem – vocês leitores atentos, sempre me pegando de surpresa!

Para começar a estudar, lá foi o Pinto Cançado olhar os dicionários: o Aurélio, o Houaiss, o Caldas Aulete, o Morais... E adivinhem... Nada leitores! Nada de fubango neles.

Pois então fui na origem de tudo – o nosso vocabulário ortográfico da língua portuguesa: fubango(a), fobango(a), fobangu(a), fubangu(a)... nada!

Enfim, a palavra não existe na nossa língua. Tentei pronunciá-la com ceceio e nada achei por aqui...

Ai pensei – só pode ser estrangeira: latim, grego, italiano, francês, espanhol, catalão, alemão, inglês, sueco, japonês, chinês... nada...

Sânscrito, hindu, javanês, basco, sardo, celta, esperanto, malaio... Nada!

Só por desencargo, dicionários de banto moderno, banto rudimentar, kimbundo e neocalanguês – n... a... d... a...

Enfim, essa palvara surgiu do nada!

Veio do nada, ninguém sabe de onde, quando, porquê e..., se instalou na língua e nas coisas e nas pessoas, como um zika vírus.

Do nada, ou, como diriam os estadounidenses, out of the blue.

Alguém inventou e começou a usar e... pronto. Lá estava o fubango.

Não tem origem certa, explicação... Ninguém sequer sabe quem inventou o fubango. Neologismo dos mais categóricos esse caso do fubango, não?

Mas a palavra está ai – não temos a menor ideia de onde ela veio, mas ela existe e é bem usada, por todos e em especial por... bem... deixa pra lá. Alguém por ai há de adorar o uso dessa palavra que ninguém sabe de onde veio nem quem inventou. Simplesmente vai lá e usa a palavra e todos riem.

Tive que, como bom homem de línguas, checar os primeiros usos da palavra e os contextos.

Veio assim aparecendo de mansinho no fim da década de 1970, início da década de 1980.

O contexto mostra que a palavra é usada sempre num sentido adjetivo: tenta dar qualidade a uma coisa ou uma pessoa. Fica ao lado do substantivo mas não acrescenta o menor conteúdo à coisa ou pessoa. Só acompanha para florear ou fazer rir, como diria o Sargento Rocha.

Na década de 1980, usavam fubango para designar pessoas feias, desajeitadas.

Assim: “aquela mina é uma fubanga”, diziam; algo que em latim seria deformis puella, em sua acepção sintética e objetiva.

Alguém passou então a tirar das pessoas e usar nas coisas – camisa fubanga, sapato fubango, jeito fubango.

Foi então o uso se alastrando nas coisas para não frustrar as pessoas (já que estas se entristeciam quando a fubanguice lhe era associada) – carro fubango, avião fubango, barco fubango, casa fubanga, apartamento fubango, sítio fubango, até que... Palácio Fubango!

De repente o fubango, não mais que de repente, como na Guerra da Quirquízia, explodiu.

Todo mundo começou a falar fubango e usar o termo para praticamente tudo e enfiar fubango em tudo que incomodava.

Mas como toda palavra inventada, como já dizia o inventor dos inventores, Guimarães Rosa, o que importa é a impressão causada pelo som. Fubango, convenhamos, tem um som engraçado e a ideia é associar a coisa ao ridículo, como fazíamos, no início, com as meninas feias e os meninos desajeitados: fubangos!

Mas língua também é etiqueta. E adjetivo é o excesso que pode jogar o falante na cafonice, na bajulação ou simplesmente na grosseria. Adjetivos são perigosos, principalmente quando o referente é um alter do falante. Menos tecnicamente: ao nos referirmos aos outros e as coisas dos outros, fubangar-lhes é, no mínimo, ser deselegante.

Não posso chegar para um sócio e dizer: “sua mulher é uma fubanga”. Isso pode gerar conflito. Ainda mais se digo isso em jornais de enorme circulação, como o Diário Bola Preta e seus Jornais Associados (E.T.: nosso editor é celibatário!).

Não posso também ir à casa de um amigo e dizer: “amigo, sua morada é um tanto quanto fubanga”. Por maior que seja a proximidade (e, em alguns casos, há até intimidades), isso irá ofender, íntimos inclusive.

Até quando o alter é parte de nossa metade há risco de ofensa. Imaginem a esposa saindo para uma festa de casamento e perguntando “estou bem, amore?”, e você respondendo, “bem, vejo-a assaz fubanga nesses trajes”. Essa conversa imaginária carimba no passaporte do falante o ingresso eterno e sem retorno ao chamado sofá noturno.

Não podemos nos referir às coisas dos outros como “fubangas”. Se não são nossas, basta dizer “não me apraz” – é mais elegante linguisticamente, correto estilisticamente e estratégico socialmente.

Mas vejam, leitores – por trás de toda expressão fubanga há um falante, que pode também ser fubango. E isso pode fazer toda a diferença, da mesma forma que “menos com menos vira mais”.

Isso porque há gostos e gostos, já dizia gostosamente o chef Gustavo Justo – se há gostos e gostos, como também quis e teve Hegel na Estética, há quem goste daquilo que ninguém gosta e o feio fica belo nos olhos dos locutor: daí surgiram os chamados “barangueiros” e “fubangueiros” (ou “fubangófilos”).

Muita vez (e ai preste mais atenção no interlocutor do que na mensagem), fubango poderá ser elogio e aquilo que lhe parece desairoso a um bem que todos sabem alheio diante de seus olhos, leitor, se torna simpático elogio a um desejo enrustido do locutor, a tal da "invejinha passageira" – já pensou se fosse meu?

Semana que vem haverá mais.

Amplexos amplos aos que aqui chegaram.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Desenvolvendo o Brasil!

Caderno de Economia
Por S. Köln Cunha

Não sei o que é pior – ser provocado diretamente ou ser lecionado em assunto de sua própria especialidade.

Blackmann insiste em seus erros e quando tenta olhar para o Brasil comparando-o aos EUA dos anos 1930’, mostra que pouco sabe de história e menos ainda de economia.

Fato é que 1930 é passado e usar o New Deal como exemplo não significa que esteja se tentando tirar de Roosevelt uma solução para o presente.

A solução para o presente está no futuro!

Blackmann insiste em sua fórmula surrada de juros altos e ajuste fiscal neoliberal não porque talvez não lhe reste outra solução, mas decerto porque não lhe socorra outra, por desconhecimento ou ingenuidade.

Chega dessa falácia neoliberal!

Mesmo porque, Blackmann mesmo admitiu, outrora, que talvez os juros em escalada possam falhar por estarmos em “dominância fiscal”, essa quimera que o neoliberal inventou para justificar o fracasso de seu plano de equilíbrio cambial (que, lembre-se, está ruindo na Europa do Euro também).

Sobre o New Deal lembramos apenas como seria importante reinvestir (qual seja, gastar) em longuíssimo prazo, todos os recursos disponíveis no tempo e otimizados pelo efeito presente, na nossa eternamente carente infraestrutura.

Tal qual Roosevelt fez, tal qual deveríamos fazer nós igualmente.

Ao recuperarmos o PAC, estaremos dando um sinal de alerta para falta para o desemprego, colocando os parceiros do governo na rota do trabalho: por estradas melhores, pela melhoria do sistema elétrico e de energia, pela recuperação da nossa matriz petrolífera, pelos nossos hospitais, pelos nossos portos, aeroportos e meios de transporte, pela nossa indústria de base, aproveitando a saída dos especuladores (daqui para bem longe) para substituir importações de produtos que nós, brasileiros, temos plena capacidade de produzir localmente.

Mas para isso, as empresas precisam estar preparadas para agir em parceria com o governo. E sabe-se que só vão dar o passo necessário se receberem incentivos com crédito robusto para pagamento no longo prazo e um compromisso de zerarmos os juros!

Ou melhor: o ideal seria que fizéssemos como o Japão e impuséssemos os juros negativos – se os recursos ficarem parados na especulação, uma taxa de entesouramento precisa ser cobrada!

Assim, com alocação dos recursos públicos para o crédito e a eliminação total dos juros, poderemos realocar parte dos gastos públicos com a produtividade, que irá tirar milhões e milhões do desemprego. Não estou assumindo que há milhões de desempregados hoje e que, se há alguns, o estão por causa da Nova Matriz Econômica, mas sim que há alguns desempregados porque a NME teve que consertar por anos a fio os erros da "Herança Maldita". O sentido figurado de "milhões e milhões" não deve ser lido aqui de forma estatística!

E mesmo assim, diante de tão óbvias propostas de crescimento, muitos ainda irão dizer que a “conta não fecha”. Sim, é verdade – mas a conta não está fechando hoje pois estamos deixando de olhar para o amanhã!

O ajuste da conta hoje vêm de nossa esperança em um amanhã verdadeiramente melhor!

Acreditando que a expansão do crédito e dos subsídios para os produtores nacionais, nossos campeões de produtividade e maiores geradores de empregos no eixo-África-AL irão resolver num átimo o problema da empregabilidade, espantando o fantasma do desemprego para sempre.

Adicionalmente, seria necessário um aumento do gasto público e da máquina de gestão para que a parceria possa funcionar no longo prazo.

Precisamos, para isso, de um Estado forte.

Sem um Estado forte não debelaremos o fantasma do desemprego.

A alocação dos recursos não apenas para os parceiros mas também para a máquina de gestão desses projetos é de suma importância para que, uma vez desvanecido o problema do desemprego e da produtividade, tenhamos de volta o trabalhador para os shoppings e supermercados, consumindo e gerando receita de imposto para o Estado.

Essas atividades, em si, já gerarão um extra na receita tributária, que será alavancada com mais crédito, que gerará mais consumo, que por sua vez girará a roda da receita do Estado, num ciclo virtuoso sem fim e que só será quebrado se a historieta da "austeridade fiscal" voltar para atormentar os trabalhadores e empresários.

Provavelmente a expansão não ganhe o equilíbrio de contas nos primeiros anos e, cá entre nós, se olharmos para o amanhã isso realmente não será necessário!

Desta forma, além da política agressiva de juros, cumulada com uma política séria e nacional de subsídios e crédito em crescente expansão, é necessário que quebremos um dogma no Brasil: o das metas fiscais. As metas fiscais exigem que fechemos as contas hoje como se fossemos os EUA ou a Finlândia! E não pode ser assim!

O fim das metas fiscais propiciará que as contas se ajustem naturalmente com o tempo, sem essa obrigação de superávits (primário, na balança, onde que quer que seja!), sempre acreditando em algo que é irrefutável: a capacidade infinita do brasileiro de trabalhar.

O déficit nas contas públicas é a solução para que o déficit desapareça do bolso do cidadão, pois é obrigação do Estado estimular a atividade econômica modorrenta de seu corpo, hoje em forma de Nação.

Visando atender os mais conservadores e não deixar que o déficit acima de 20% assuste os covardes, outra medida é de suma importância: a taxação das grandes fortunas e o aumento progressivo dos impostos, sobretudo no âmbito das receitas dessas atividades subsidiadas e dos parceiros do Estado na implementação da infraestrutura. Não carece que controlemos o lucro das grandes corporações e fortunas, mas sim que esse lucro seja suficiente para a manutenção das atividades de forma sadia, devendo o Estado haurir a maior parte dessa receita na forma de impostos (seja na forma dos já conhecidos, seja criando novos para fazer frente a essa nova estrutura que se propõe).

Em relação às empresas, é ainda importantíssimo que o Marcado dos Capitais, a saber, a Meca dos Especuladores e dos Sem-Compromisso, seja esterilizado. Hoje mais nos preocupa a existência de um MESC (Movimento dos Especuladores Sem Compromisso) do que de um MST (esse, já conhecemos bem). Devem ser aniquiladas todas essas garantias de “boa brisa” de que os membros do MESC desfrutaram até hoje, tanto no âmbito regulatório, quando na livre distribuição de seus lucros, como nos incentivos fiscais e livrar o lucro da incidência de qualquer imposto, que acaba sendo pago pelo trabalhador no dia a dia. Essa esterilização pode vir por um incentivo público para que as empresas fechem seus capitais e se reduzam, partilhando suas atividades e concentrando o empreendorismo nas pequenas e médias empresas.

Precisamos estimular essas pequenas e médias e desincentivar as grandes, enormes, gigantes e paquidérmicas empresas que sequer sabemos quem são os donos.

Outra forma seria controlar melhor a gestão dessas empresas e ai, não há controle melhor do que o direto. Com os subsídios e créditos em expansão, o Estado deverá participar ativamente da gestão de todas essas pequenas e médias empresas, no intuito sempre de assegurar o interesse público na consecussão de seus objetos e garantir a empregabilidade em seus quadros. Essa participação poderá se dar por meio de fundos controlados pelo Estado ou ainda por meio de fundos de pensão controlado por funcionários públicos ou pelos funcionários de empresas de economia mista. A fiscalização desse controle, empresa por empresa, poderia muito bem ser feita pela CVM, com algum ajuste em seu escopo, podendo muito bem transformá-la na Agência de Controle à Atividade Empresarial, que garantiria assim a boa governança segundo o interesse público em tais empresas parceiras do Estado.

Eis a nossa fórmula que, se você foi esperto leitor, é bem mais ousada que a de Roosevelt: extinção dos juros, expansão do crédito, ampliação da política de subsídios, extinção das metas fiscais, reforma dos mercados de capitais para ampliar a participação popular na gestão das empresas por intermédio de fundos e sob fiscalização de uma nova CVM (a ser chamada de ACAE), elevação urgente de impostos (sobretudo em relação às grandes fortunas e aos lucros não razoáveis), aumento do gasto público com a fundamental máquina de controle direto (que inclui mecanismos com a ACAE) e, (sei que já falei dele), mas... crédito, crédito, crédito e mais crédito!!!

Não se trata de fórmula mágica, mas sim de realidade.

Então alguns perguntarão – e o dolar? E eu responderei, “o dolar, ora o dolar”...

Respondendo a Blackmann – qual é a minha? “A minha” é o BRASIL!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Nota do Editor

Seção Editorial
por Dom Fernandes III

O Diário Bola Preta e seus jornais associados, como a Folha da Madrugada, têm por hábito elaborar editoriais mensais.

O princípio é que um cavalo de perto pode parecer um asno, mas um asno de longe sempre será um asno.

Tomamos distância para atacar.

Estrategicamente, a distância correta para um editorial é de pelo menos 30 dias.

Contudo, soltamos vez ou outra "notas editorais" como esta, para "ajudar amigos".

Desta vez, fui contactado pelo estagiário de uma revistinha de palavras cruzadas, que não compreendeu bem o editorial de seu Amo.

Questionou-me, educadamente, qual seria o nosso "Manual de Redação e Estilo" para que pudesse consultar e verificar melhor se conseguia compreender o editorial de seu Amo.

Bem, comprei a tal revistinha de palavras cruzadas e fui ler o editorial.

Realmente sofrível o texto. Ideias confusas, frases sem sentido, períodos inacabados e assim por diante, floreando a peça.

No mais, o editorial se dava ao trabalho de negar a realidade. E ai é que mora o maior banditismo do jornalismo. Negar fatos, para um jornalista, deveria dar cadeia, mas para uns, acaba dando é cadeia nacional.

Respondendo ao meu amiguinho estagiário da revistinha de charadas, lembrei que o nosso Diário é centenário e que por isso usamos 3 manuais de redação e estilo que são muito, muito, mas muito antigos mesmo. Ei-los: Techné Rhetorikhé e Éthikon Nikomacheion, ambos de Aristóteles e o Institutio Oratoria de Quintiliano. São de domínio público já, pois os autores morreram há mais de setenta anos. São bem curtinhos e simples de ler e todas as regras necessárias estão lá com uma facilidade de leitura inigualável.

Há outros dois manuais de redação e estilo também bem facinhos de ler e ambos do mesmo autor, um tal de Marco Tulio Cicero: o Orator e o Rhetorica ad Herenium. Aliás, os editoriais desse moço também eram bons, como o Pro Archia, De Domo SuaPro Plancio e os saborosos editoriais de Catilinárias. Eram bons também os de Demósthenes e Lysias, que Marco Tulio os seguia de algum jeito no estilo. Lendo esses manuais, o estagiário vai resolver todos os seus problemas de redação, editoração, corte e copydesk de textos.

Mas, enfim --- voltando ao tal editorial da revistinha de palavras cruzadas: o mais grave é negar os fatos e isso não tem muito conserto não.

Nem igreja conserta, o que, aliás, diga-se de passagem, o tema era bem religioso.

Era sobre uma suposta compra de uma imagem de Cristo. Mas os fatos indicam que a compra se deu com dinheiro sujo (tipo dinheiro roubado). E ai, assim, se a compra foi com dinheiro sujo, essa tal compra encobre um roubo que a antecede. É como se fosse um roubo de fato, mas você chama essa surrupiada do Senhor de compra e acha que fica então resolvido e penitenciado o pecado anterior.

Mas não fica não.

Assim, se eu puder resolver isso para o estagiário, eu deixaria a seguinte dica a ele:

ROUBAR O CRISTO É PIOR QUE CHUTAR A SANTA.

Amém!

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Minha Luta e a Sua Luta


Caderno de Cultura
Por María Abbelán Guertas-García
(correspondente internacional do Vera Cruz Times em Córdoba,
especial para o Folha da Madrugada)

Vamos ser diretos: quem, em sã consciência, se interessa por um esterco literário como “Minha Luta”?

A pergunta não é retórica: é também estatística e, digamos, de alguma forma academicamente relevante.

Li esses dias um fundamento jurídico de botequim bordado para sustentar a ilusória ilegalidade da medida concedida pelo juiz carioca, que proibiu a edição desse literary turd. Era mais ou menos assim: “É proibida a discriminação de pessoas com base em raça, religião ou grupo étnico. Mas seria crime expressar e defender ideias preconceituosas? Defender ideias que pareçam discriminatórias por alguns não equivale a praticar diretamente a discriminação”.

Com base nesse argumento, não haveria problema algum em editar livros sobre a KKK e sobre o ódio a negros. Daria também, veja só, para se editar livros sobre técnicas de estupro e, um ou outro, incitando a pedofilia.

Desculpem, leitores, ter que levar o argumento a esse ponto enojante, mas a retórica sem vergonha da “liberdade de expressão” me forçou a isso.

Defender ideias que são discriminatórias (sem essa de dizer que o “Minha Luta” apenas parece discriminatório) equivale, obviamente, a discriminar. Paremos com a palhaçada.

O mais tosco, entretanto, é ver isso tudo fundamentado na “liberdade de expressão”. 

Liberdade de quem? do autor? Expressão de quem? do autor? Convenhamos – essa história de liberdade de expressão para publicar um livro de Hitler foi um dos argumentos mais patifes que já pude ler ou ouvir na vida. O artigo constitucional fala claramente de “liberdades individuais”. Que indivíduo ou a expressão de quem pretendem defender publicando essa excrescência? Não posso imaginar outro protegido (pela leitura mesma do artigo) que não seja o próprio autor dessa obra fecal.

Bem, se querem defender os leitores, deixem que eles mesmos o façam e recorram, declarando candidamente “eu tenho o direito de ler Hitler”.

No mais, não podemos nos esquecer dele, o matreiro editor que coloca no anticristo comum a responsabilidade pela parte criminosa da edição, ficando com ele o lucro e a cara deslavada de estar a serviço da “informação da humanidade”, lembrando-me ainda que o artigo constitucional fala de “liberdades coletivas”. É o fim da picada ter que debater essa conduta, mas, para ela, já demos a solução – leitor de Hitler, peticione, recorra, defenda seus direitos, mostre seu trabalho acadêmico e seu interesse meramente intelectual em gastar alguns reais com meio quilo de bosta em palavras.

Como crítica de Paulo Coelho, posso dizer: li e não gostei. E. L. James? Li e gostei mais ou menos (achei até engraçado, confesso), embora prefira Sade e Safo e me excite mais com Machado e Mário de Andrade. Há coisa mais importante para ler, convenhamos. E até entre as menos importantes, há coisas mais decentes.

Vejam: no fundo do poço dessa discussão, não importa tanto quem defenda “liberdade de expressão” nesses termos ou que alegue ilegalidade na proibição – esses demonstram, pelo argumento ébrio, que sobrou leitura de Caras e faltou leitura no Diário Bola Preta. Espanta, entretanto, a postura do editor, que, infelizmente, sei bem que é.

Uma história para ilustrar: anos atrás um amigo meu enviou uma tese de doutorado sobre a relação entre antissemitismo e governos. O editor disse que tinha uma fila enorme de outras publicações, além do que, o título em si (ainda que aprovado magna cum laude), “não era vendável”.

Um outro editor disse que até publicaria a tese, mas desde que o autor pagasse pelos custos da publicação (chegou a cobrar algo em torno de cinco mil reais na época) e deixasse com ele, editor, os lucros da venda.

Outra alternativa seria ele “pagar pelo serviço” de edição, ficar com a tiragem de 1000 exemplares e tentar vender, ele mesmo, o autor, de porta em porta nas Universidades.

Dispensável dizer que esse segundo editor recebeu o dedo do meio como resposta.

Pois bem – ainda assim, esses editores encontram espaço para editar, “sem custos com o autor”, uma diarreia sociológica como o “Minha Luta”.

O que fazemos com calhordas que agem assim? Bem, me parece que o conteúdo da liminar carioca é o mínimo, mas já passou da hora de termos um retrato fiel desse grande esgoto a céu aberto chamado “mercado editorial brasileiro”.

Bem, mas ao par da proibição (que me parece a segunda melhor ideia), tenho outra sugestão – essa sim, a melhor ideia de todas: a edição e venda fica liberdada, desde que o editor, sob pena de multa equivalente a R$10.000.000,00 (dez milhões de reais) por livro vendido irregularmente, tome as seguintes providências em seus canais de distribuição exclusivos

1. anote os seguintes dados de todos os compradores – nome, idade, profissão, nível escolar, nacionalidade, cidade em que mora, local em que comprou o livro e data da compra,

2. faça com esses dados um belo “cadastro positivo”, com a lista completa dos leitores interessados (sabemos, obviamente, que todos lerão por puro interesse acadêmico) acompanhados desses dados estatísticos;

3. divulgue tudinho em seu site, atualizado semanalmente, sob o título “LEITORES DE HITLER”;

4. acrescente o seguinte disclaimer – “o uso dessas informações fica autorizado, nos termos do art. 5º, IV e IX da Constituição Federal, podendo ser feito para fins exclusivamente estatísticos e acadêmicos”.

Tudo poderá ser custeado com o valor da venda dos livros e ainda sobrará um montão para o editor.

Asseguro que o acesso a essas informações será de relevância acadêmica muito maior do que a venda, em si, do “Minha Luta”.

Nesses termos, pode até ficar com o lucro, editor...

Esfíncter e Dedão do Pé


Caderno de Saúde
Por Doutor Oswald Pangloss

Recentes estudos da Universidade da California revelaram que as chamadas “sinergias musculares” decorrem de um fenômeno nervoso em que em uma mesma região do cérebro, várias partes distantes do corpo são controladas.

Qual seja: num mesmo espaço na cabeça, o cérebro pode se ocupar de pontas distantes do corpo. No córtex cerebral, por exemplo, a mesma ínsula que controla o esfíncter, controla também movimentos dos dedões dos pés.

Desta forma, quando se quer muito defecar assim, repentinamente, basta agitar com força (pode ser dentro do sapato mesmo) a ponta do dedão do pé que a vontade de evacuar desaparecerá.

Essa é a razão pela qual aquela súbita e surpreendente vontade de “fabricar charutos”, como se diz no jargão, é interrompida quando andamos. Parar, sabem os cagalhões, pode ser absolutamente fatal! É que o movimento de andar faz com que as passadas dobrem os dedões atendendo aquela picardia do córtex cerebral e enganando-o de maneira sagaz.

Já sabendo dessa técnica, sagaz leitor, segue abaixo um link com uma tabela prática de exercícios, que poderão ser igualmente úteis em reuniões, como as do COPOM (apenas um exemplo), visando otimizar o resultado das discussões.

http://musculação.com/exercicios-de-pes/

Uber X Táxi


Caderno de Assuntos Menores
Por Eugênio Villas

Esse assunto já deu o que tinha que dar.

Uma sugestão: perguntemos aos passageiros e deixemos que eles decidam como querem ir – de carro branco, preto, amarelo, feio, bonito, luxuoso, limpinho, sujo, fedido, em que o ar condicionado funciona automaticamente ou somente “a pedidos”.

Outra sugestão: ao invés de perder tempo com uma regulamentação que tenta “prender vento em garrafa”, esse tempo poderia ser empregado em regulamentar o ISS desse tipo de serviço.

Mais: regulamentar melhor as receitas pelo serviço e estimular para que aceitem cartão de crédito vai ajudar na cobrança de imposto de renda lá em Brasília – é pouco, mas não cobrar isso corretamente é injusto com outros que também pagam prestando outros serviços de menor valor financeiro e maior valor, digamos, social. Ou relaxa pra todo mundo, ou cobra de quem está numa situação, digamos, privilegiada na demonstração das receitas.

No fim da linha, dar uma força pra quem quer trabalhar é, no mínimo, piedoso; ser duro com quem quer atrapalhar quem quer trabalhar, é, no máximo, justo.

O melhor juiz dessa disputa é o passageiro. O governo poderá se concentrar melhor naquela tarefa que poderá tirá-lo da crise: cobrar os impostos que já existem.

Sejamos como o nosso jornal: “Livre como um táxi”, mas clandestinos como um Uber.

Coalizão ampla X Coalizão restrita


Caderno de Política
Por Cícero Esdras Neemias
De fato, se o problema não está na coalizão, onde estaria?

Antes, porém, precisamos olhar atentamente como as coalizões podem funcionar.

Há dois tipos de coalizão: a coalizão ampla ou a colizão restrita.

A coalizão restrita ocorre quando dois ou três partidos se reunem em torno de um projeto de poder que compartilham. Muita vez se utilizam de outros partidos, normalmente do chamado “centrão”, para projetos pontuais ou medidas de interesse comum. Mas com eles não formam bloco unificado.

A coalizão ampla reune um número largo de partidos e entidades. Em tempos de crise, quando a base estremece, vez ou outra ouve-se falar de “frente ampla”. Pois é a mesma coisa, apenas com uma “amplitude maior”. Frente ampla nada mais é do que uma “coalizão ampla” mais ampla do que a coalizão na sua origem.

A coalizão ampla ainda se faz de dois jeitos: por meio da coalizão ampla absoluta ou por meio da coalizão ampla relativa. Essa complexidade em relação a coalizão leva em conta dois fatores: (i) o tamanho do espectro partidário de uma nação; (ii) o tamanho territorial e populacional da nação. Se uma nação tem mais do que cinco partidos, já começa a verdadeiramente necessitar de uma administração política sob coalizão. Se o espectro territorial e populacional supera os 300.000 m2 e uns 50.000.000 de habitantes, a demanda por esse modelo fica ainda mais premente.

Por que isso? Simples – controle. O governo central precisa controlar seus eleitores. Alguns o fazem da forma mais simples possível controlando-os diretetamente: querem saber onde trabalham, o quanto ganham, quantos filhos têm, que horas saem de casa para trabalhar, que horas voltam, o que pensam, o que dizem e, vez ou outra, em quem votam. Outros, por preguiça, por dificuldade ou por respeito, vão saber mais ou menos as mesmas coisas, mas usam de pesquisas e estatísticas para intuir como votam. Não sabem, mas desconfiam.

Desta forma, se a extensão territorial não for grande, a população for pequena e o número de partidos for ínfimo, único ou nenhum, para que coalizão? Basta controlar diretamente, oras... Coréia do Norte, que reúne o tamanho de Pernambuco mais Alagoas e a população da Grande São Paulo é bom exemplo – o controle é total, absoluto e direto. A Eritreia, que tem o mesmo tamanho da Coréia do Norte mas uma população equivalente à da cidade do Rio de Janeiro, é exemplo também de sucesso. Cuba, que reune um espaço equivalente a soma do Espírito Santo com o Rio de Janeiro e a população de Pernambuco, também teve grande sucesso no controle direto durante o período de Fidel, da mesma forma que o Camboja do Khmer Vermelho de Pol Pot.

Para a China e a antiga URSS, a extensão territorial e a grande população foram obstáculos para o exercício do controle direto e as coalizões tinham que ocorrer na camada inferior do Estado, a saber, o Partidão. Os blocos de interesse que controlavam o Partidão formavam coalizões mais ou menos parecidas com o que vemos hoje no Brasil, com a única diferença (creio, sem muita segurança) que Partidão e governo eram a mesma coisa.

Nos EUA, o controle também é um grande sucesso, mas isso ocorre por força do pseudo bipartidarismo (o bipartidarismo não é oficial, pois há diversos partidos nos EUA, apesar da hegemonia confortavelmente partilhada entre Democratas e Republicanos). Isso torna o exercício da “descoberta” das intenções de voto algo literalmente binário e previsível. Tanto isso é verdade que a aparição de “independentes” é um verdadeiro tormento para os analistas políticos de lá – vide o caso recente de Bloomberg assombrando as eleições deste ano e a curiosa participação de Pat Buchanan, um conservador de primeira linha, em 2000, ao lado de socialistas de última hora (Buchanan na realidade concorreu pelo Reform Party, uma espécie de PRN estadounidense). Outro tormento, já que o voto não é obrigatório, é saber mais ou menos o quanto pode andar a taxa de abstenção e quem, bottom line, pode perder com as abstenções, caso se saiba com alguma margem de segurança, quem não pretende votar e porque. As pesquisas resolvem.

Na mesma mão do bipartidarismo, seguiu esse modelo, pasmem, a Venezuela. Chavéz consolidou uma coalizão e a transformou em frente ampla que se transformou em partido. Fez o mesmo com a oposição e isolou-a num bloco, inaugurando um bipartidarismo que está prestes a ruir nas mãos de Maduro. Quem leu o AI-2 vai logo pensar, "acho que eu já vi isso em algum lugar".

Chavéz ampliou essa coalizão inclusive na esfera dos outros poderes, com ênfase para o Judiciário, onde o partido do governo possuiu verdadeira maioria (porque não dizer, totalidade) do controle, com vistas justamente a minimizar as incertezas e ampliar a precisão sobre resultados pretendidos. E por isso, a opção do bipartidarismo bolivariano foi no sentido de mais e mais Estado, muito ao contrário dos EUA, que exerce o controle de forma bem mais sutil e com muito menos Estado presente e um controle sobre outros poderes (sobretudo o Judiciário) muito próximo do zero, como ocorre, tal qual se tem visto ultimamente, no Brasil.

Retirando os casos de controle direto ou indireto (dentre estes, podemos citar o Brasil entre 1889 e 1930 bem como o Estado Novo de Vargas, a Alemanha da “Minha Luta”, a Itália do “Duce”, a URSS, a Espanha de Franco, Portugal de Salazar, bem como a China de hoje em dia, cujo controle dependia/depende intensamente de “delegados” fieis ao destinatário central do controle), a dependência de uma coalizão é intrínseca às nações de grande amplitude territorial, base populacional larga (principalmente se essa base conta com elevado número de eleitores) e multipartidarismo.

Reunindo os partidos em blocos, os prospectores de voto retomam o controle que eventualmente se dissipa na base territorial e no espectro multipartidário. Retomam o controle “democraticamente”, seguindo ispis votis o modelo estadounidense – polarizam a discussão entre dois plantonistas, no máximo três. Modelos com “segundo turno” de votações consolidaram essa técnica de controle.

Por isso é que a coalizão não é apenas um modelo, mas sim uma obrigação, sobretudo diante de tais condições físicas, que inclusive impedem a eficácia de um sistema de governo ditatorial. Alguns países estão no limite de suas possibilidades, como a Síria e o Sudão e lançam mão de coalizões internacionais (algo como, “putz, me ajuda ai que eu tô começando a perder o controle...”).

O problema não está no financiamento de campanha privado x público, no tempo fixo de TV x tempo equitativo – estes são detalhes menos importantes, consequencias das formas de exercício das coalizões.

Se as coalizões podem ser restritas ou amplas e, dentro destas, relativas ou absolutas, o que seriam elas, então?

Sobre as restritas, já falamos. Basta lembrar quais seriam as coalizões do tipo amplas relativas em face das amplas absolutas.

As coalizões amplas absolutas são aquelas pautadas por uma certa verticalização da frente ampla de “amigos”: tanto no nível regional como no nível nacional, essa coalizão ampla conta sempre com a mesma patota. A coalizão ampla relativa varia no tempo e no espaço. É uma farra completa e absoluta (com o perdão do trocadilho inefável) e recebe a chancela de liberdade de seus partidos para que, localmente, façam outras alianças que possam convir, ou melhor, convergir com interesses nacionais, ainda que sob o risco de uma enorme incoerência: inimigos em Brasília, não importa, mas unidos na cidade para sempre! Pense-se que no Brasil, aclimatando-se esse sistema, onde a política não é profissional e sim feita apenas e exclusivamente de forma amadora entre amigos, as vantagens são enormes, pois não se ferem susceptibilidades e amizades locais e, ao mesmo tempo, se ganham amizades nacionais e até internacionais!!!

Para isso, a definição por um modelo de coalizão ampla ou restrita tem na base um princípio que para muitos seria ideológico, mas que de ideológico não tem absolutamente nada: trata-se do tamanho do Estado.

Na coalizão restrita, o Estado é menor e portanto a partilha de cargos na barganha de propostas diminui. Desta forma, o poder, em certos setores da política e da economia saem da mão do Estado e vão direta ou inderetamente parar nas mãos de entidades paraestatais, de terceiro setor ou da iniciativa privada. Os chamados movimentos sociais, os sindicatos, as uniões, as confederações, os organismos de classe: tudo isso vira arena com poder político. A aparência de democracia atinge um nível elevado, como ocorre nos EUA, que, apesar de não viver sob o guarda-chuva das coalizões, opera sempre em nível mínimo em relação ao tamanho do Estado para evitar quebrar nichos de poder que foram estabelecidos desde Franklin Delano Roosevelt.

Na coalizão ampla o Estado cresce, pois precisa de mais cargos para acomodar todo mundo.Os chamados movimentos sociais, sindicatos, uniões, confederações, organismos de classe, entidades estudantis, etc, etc, etc, saem da arena política e se tornam parte da estrutura de ocupação do estado. Viram trampolins e perdem a relevância e o protagonismo político se tornado um serviço partidário em favor da coalizão que está no poder.

Na coalizão ampla absoluta, o Estado tende a crescer no nível federal mas manter-se em nível local. Na coalizão ampla relativa, o Estado tende a crescer em todos os níveis, para todos os lados e sem limite de expansão.

Essa expansão decorre de necessidade política e nada tem a ver com a expansão econômica. É por isso que o Estado brasileiro não para de crescer, independentemente do encolhimento ou do crescimento da economia. O keynesianismo, neste caso, é uma desculpa esfarrapada para a necessidade de manter em expansão a coalizão ampla relativa inaugurada com Luis Inácio e aprofundada com La Rousseff.

Nosso debate não é ideológico nem econômico, não é político nem jurídico – é partidário. A opção político-partidária de coalizão ampla relativa é que determina tudo: inclusive as justificativas econômicas para os gastos da máquina pública, as desculpas (algumas até bem esfarrapadas) sobre os constrangimentos políticos e as defesas pseudo-jurídicas sobre deslizes (essa coisa do “eu não sabia” vem daí – dessa opção por uma coalizão ampla relativa que permite que o constrangido fale convencidamente que “não controla todos de sua base”). É tudo uma questão de acomodar os amigos: tanto os novos quanto os antigos, parceiros de todas as jornadas, amigos do peito de sempre. 

Com um olhar bem atento à coluna de semana passada, o leitor notará como sairemos dessa, muito em breve.

Se não notou, aguarde semana que vem que eu conto daqui uns dias.

Até lá!



Coalizões internacionais são importantes!!
Cruzeiro do Sul para Bashar El-Assad!


Kadhafi que alegria!

Fortalecendo no plano nacional


E nos planos nacional e regional também

Espelho, espelho meu... Existe alguém mais HONESTO do que eu?


Resultado inquestionável! And the Oscar goes to...


Seguindo então o mesmo legado...


Sem futebol não se governa, disse alguém em 1970...




E vamos unir forças!!!!







Questão de concurso


Caderno de Legislação
por Clóvis Hauser

           Estava estudando para a minha prova da OAB e vi uma questão que pode interessar aos leitores dos jornais, inclusive aqueles que não vão prestar concurso nem OAB.

            Lá vai:


            Para que serve um advogado de peso?

            (a) mudar os fatos

            (b) mudar a lei

            (c) mudar as penas

            (d) mudar os valores

            (e) mudar a conta bancária de quem o contrata


            Comentário à questão (do pessoal do cursinho): A alternativa correta obviamente é a “(e)”. Um advogado, de peso ou levinho, não consegue mudar fatos (até consegue, mas precisará endossar mentiras e violar o Código de Ética da OAB, então a alternativa “(a)” não serve). Também não muda a lei, por pior que ela seja. Se a lei tem um fato típico (é a descrição do fato no texto da lei, prezado aluno) muito rigoroso e os fatos são mais ou menos parecidos com o que está escrito na lei, negar a lei ou negar os fatos contra provas é uma alternativa péssima para o advogado. Da mesma forma, ele não muda penas – se embaixo do fato típico está escrito “reclusão de 6 a 10 anos”, o advogado também não consegue mudar muito isso. Pode até conseguir umas atenuantes, principalmente se o cliente fizer delação premiada, mas isso não muda a pena em teoria, apenas muda as circunstâncias processuais em que a pena será aplicada. Mudar os valores é o mais difícil. Se o direito é fato+norma+valor e o advogado não muda os dois primeiros, dizer que roubar não é feio ou que se corromper e ganhar presente é a mesma coisa também não adiantar nada. Resta, por fim, portanto,a alternativa “(e)”. É certeza que a defesa vai custar caro e o cliente ficará mais pobre. Aquelas mudanças nas circunstâncias para conseguir atenuantes qualquer advogado consegue – não precisa ser de peso: basta que o cliente seja bonzinho no processo e pare de agir de modo feio. Mas mesmo o de peso não dá essa certeza, pois quanto mais peso, mais lento o combatente fica. Nesses casos o peso pode atrapalhar e nem essa certeza o cliente terá, restando a ele a única certeza de que ficará, sem sombra de dúvida, com uma fatura alta de honorários a pagar, diga-se de passagem, bem acima da nossa tabela aqui no cursinho ou na OAB.

Análise: Carnaval 2016

Caderno de Cultura
Por Dionísio Crátino

Frustrante esse Carnaval 2016.

Gostaria de marcar aqui as injustiças proferidas contra as Escolas de Samba Unidos de Atibaia e a Imperatriz Guarujaense.

Trata-se de uma perseguição como nunca antes se viu num Carnaval deste país!

A cultura do Brasil precisa tanto do Carnaval e as pessoas boicotando as duas escolas mais importantes e criativas deste Carnaval 2016.

Todo um projeto carnavalesco, um legado de anos, tudo isso está sendo destruído por pura perseguição das elites Mômicas. O Rei Momo precisa ser deposto e a ordem tem de ser restituída para que se faça a justiça com essas duas honradas Escolas de Samba, verdadeiras Universidades do Samba, para falar a verdade!!!!

Uma vergonha!!!

Superbowl


Caderno de Esportes
Por Pataca

Assisti a final do NFL, o Superbowl 50.

Que evento mais chato!

O juiz não roubou nenhum time, não errou para nenhum dos lados.

Se errar, tem um video que manda corrigir a besteira que ele pode fazer.

Pra que isso? Que coisa mais sem graça! A emoção do esporte está no erro, na injustiça, no ponto que não foi, na malandragem do pênalti porque o jogador se jogou!

A beleza do futebol está ai e não no gol. O gol é um detalhe, sabemos!

E a parte da torcida então, que frustração!

Cheio de gente velha e feia, aquelas famílias americanas comendo cachorro quente. Nada a ver!

Não teve briga de torcida (nem dentro, nem do lado de fora). Qual a graça em proibir isso? Com isso o esporte perde a magia, gente!!!

E os shows no meio do jogo? Nada a ver... Tem que dar um tempo para as torcidas se provocarem, se xingarem. Esses shows no meio tempo atrapalham demais o desempenho da torcida. A gente sabe que quem jogo é a torcida. No NFL a torcida é mera coadjuvante. No Brasil ela joga!!!

E essa falta de provocação entre torcidas, de xingar e humilhar o perdedor – isso tira totalmente o brilho do espetáculo!!! Aqui no Brasil o futebol manda, graças a Deus!

E futebol é brincadeira, zoação, humilhação, esculhambação... É isso que vale!! É pra isso que gastamos dinheiro aqui nos estádios.

E que torcidazinhas mixurucas – ninguém xingou o próprio time, ninguém reclamou ou vaiou os próprios jogadores. Definitivamente, nos EUA eles não têm o menor espírito esportivo!

É uma vergonha esse NFL! Esse Superbowl 50 foi verdadeiramente um fracasso. Em alguns anos o NFL estará acabado e o americano vai acordar que o bom mesmo é o nosso futebol, que eles insistem em chamar de sucker.

É uma gente que não entende nada de esportes.

E por falar em estádio, e aquele estádio, hein? Que horror! Muito mal construído, longe de tudo, tanto é que o pessoal vai todo de carro. Egoístas!!! E pior, não tiram proveito da possibilidade de uma briguinha no metrô... Pior: alguns até vão de ônibus e as torcidas se misturam, vão juntas e não brigam, não tiram sarro um do outro, voltam pra casa como se estivessem voltando de um dia de trabalho. Fala sério!!!

Esses americanos tem muito, mas muito, muito mesmo a aprender com o nosso Joga Bonito e com a nossa CBF!!!!

Mas graças a Deus o superportentoso TORNEIO TOUCHDOWN está ai para mostrar para esses americanos energúmenos como se faz um torneio de FUTEBOL AMERICANO DE VERDADE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Tenho Dito!!!!!!!!!!!!

Turismo nos EUA

Caderno de Viagem e Turismo
por Max Sneakers

O Editor deste cardeno está em férias viajando a trabalho fazendo turismo e não poderá postar. Não tem lido mensagens embora esteja trabalhando muito, em Orlando e Miami.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Jurisprudência dos animais não humanos já gera efeitos!!!

Caderno de Legislação
por Clóvis Hauser (estagiário com OAB!!!)

É sempre assim, leitores...

Quando tudo está calmo, neste fim de feriado de Ano Novo Lunar, de repente, uma "bomba"... Um "furo"... Cabe a quem cobrir?

Ao sacripantas do estagiário, pois todos (até o Editor-Chefe) está em retiro espiritual por força do Ano Novo.

E não mais que de repente, a jurisprudência inovadora e brilhante, que importa da Argentina essa extensão de direitos nunca antes vista na história da humanidade e na história das não-humanidades, ganha adeptos no Brasil, dentre eles, um vizinho meu.

O meu vizinho (fonte sigilosa, leitor curioso - proteção constitucional: ve se olha pro lado) irá pleitear, com base nessa constitucional decisão, a total ilegalidade das iniciativas estatais de tentar acabar com certos animais (não humanos) domésticos e, no entender do meu vizinho, sencientes.

Essa tal de senciência depende inteiramente do apego do animal ao seu criador e da possibilidade do animal ser domesticado e não gerar mal direto para os outros animais (humanos ou não humanos). Ele pode até morder, desde que a mordidinha seja inofensiva e símbolo de um carinho do animal (não humano) em relação aos outros animais (humanos ou não humanos). Se o mordido ficar com alguma doença por causa do mordedor, o mordedor jamais perderá a sua senciência (que é absoluta!!!), apesar do mordido perder sua saúde (que será sempre relativa!!!). É apenas uma questão de lógica e de higiene privada e não tem nada a ver com coisas públicas.

Enfim, vamos voltar ao meu vizinho e seus animais de estimação bem domesticados e sencientes, que ficam muito, muito, muito tristes quando são atacados pelos horríveis e injustos animais humanos.

São animais que ele cria no quintal e tem muito apego a essas lindas criaturinhas.

São animais (não humanos, mas como se fossem humanos incapazes) que têm sentimentos e se o humano animal tentar atacar, lógico, ele vai fugir. Isso mostra que ele tem apego a sua vida (vida dele, lê direito esse "sua") e tem, acima de tudo, consciência DE VIVER!!!

Eles não atacam e se mordem, o fazem de vez em quando, sempre por amor ou apego (comprovado cientificamente, é só ler a Veja da semana passada).

Se transmitem doença, é mais do que provado que a transmitem sem a menor intenção de transmitir.

Portanto, se não têm intenção (apesar e por força da comprovada senciência deles!), não tem culpa por nada do que está ocorrendo.

Eles são protegidos constitucionalmente e têm direito a vida!!!

E atacar a vida desses animais (não humanos) é claramente inconstitucional!

Sobretudo se pensarmos na forma como o governo vem tratando a vida deles - morte por envenenamento! É de uma crueldade inconstitucional. Não podemos admitir, diz o meu vizinho!

Com isso, meu vizinho irá usar a recente jurisprudência dos ANIMAIS NÃO HUMANOS para proteger os seus amados bichinos de estimação, que ele cria num vaso com água parada e os chama, carinhosamente, de mosquitinhos corinthianos....

Segredo de Justiça

Caderno de Legislação
Por Clóvis Hauser (estagiário, com OAB!!!)

Pesquisamos sobre as tendências jurisprudenciais acerca do Segredo de Justiça e identificamos inúmeras decisões que decretam o segredo de justiça por "vergonha alheia".

Tratam-se de decisões esdrúxulas que não podem ser acessadas por terceiros para que não sintam o efeito da chamada "vergonha alheia". O art. 155, I do CPC, que fala do "interesse público", é claríssimo ao garantir que as decisões toscas não envergonhem o "interesse público" mas apenas as pessoas envolvidas na situação emboceteante (boceta = caixa; situação emboceteante = situação enclausurada, restrita, sigilosa... não vá pensar outra coisa e processar o editor por injúria, hein).

Infelizmente como todos os casos estão em "segredo de justiça", cabe ao leitor confiar neste confiável estagiário...

EXTRA!!! EXTRA!!!

Guarda Alternada de Cachorro
Caderno de Legislação
por Clovis Hauser

EXTRA!!! EXTRA!!! EXTRA!!!

Juiz da 2ª Vara Cível de Jacareí/SP, dá sentença inédita e reconhece que o cachorro do casal que se separa tem direito a guarda e tutela civil com um dos seus tutores ao passo que o outro (tutor, não o outro cão, caso haja...) ficará apenas com um direito de visita regulamentado pela Justiça.

De acordo com a decisão, o juiz, de modo muito percuciente, faz uma divisão que nunca se pensou antes na história do direito: animais humanos e animais não humanos. Partindo da estupenda descoberta de que somos todos animais, isso incluiria no mundo dos protegidos todos os demais "animais não humanos". Com isso, os animais não humanos seriam “sujeitos de direito nas ações referentes às desagregações familiares”.

E assim inova no direito, equiparando os animais não humanos aos animais humanos, mas com probleminhas na cabeça: “Para dirimir lides relacionadas à ‘posse’ ou ‘tutela’ de tais seres terrenos, como os cães, é possível e necessário juridicamente, além de ético, se utilizar, por analogia, as disposições [sic] referentes à guarda de humano incapaz”. Foi uma recuperação estupenda e digna de um Norberto Bobbio esse conceito de analogia!!!

O Magistrado se baseia em uma pesquisa publicada na Revista Veja, um artigo na Folha (de São Paulo, lógico... a Folha da Madrugada jamais publicaria algo assim tão inédito e inovador!!!) e no artigo 225, VII da Constituição Federal ("todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, blá, blá, blá, blá, incumbindo ao Poder Público proteger a fauna e a flora, blá, blá, blá, blá, vedado submeter os animais a crueldade").

Há também jurisprudência sobre o tema do TJ/SP (AI 2117890-04.2015.8.26.0000, infelizmente em segredo de justiça também, mas sapientemente citado pelo Magistrado) e do STJ (cuja fonte é a Folha e não o próprio Tribunal, pois, pasme, a jurisprudência é do STJ da.... Argentina!!!!) no seguinte sentido: "a partir de uma interpretação jurídica dinâmica e não estática, é preciso reconhecer aos animais o caráter do sujeito de direito, pois os sujeitos não humanos (animais) são titulares de direitos, pelo que se impõe sua proteção no âmbito das competências correspondentes".

Infelizmente o processo está também em segredo de justiça, mas em caso de dúvidas é só acessar aqui: http://www.conjur.com.br/2016-fev-11/juiz-determina-guarda-compartilhada-cao-processo-divorcio
Essa incrível decisão, muito lúcida e clara, bem pensada, otimamente fundamentada e cristalina como água sanitária, nos lembra de algo importantíssimo: nós todos, eu (estagiário), meu chefe (o nobre Editor), você (leitor), os cães, gatos e tudo mais criado por Deus, somos todos animais! Sim, somos animais, humanos diga-se de passagem, mas animais... Podemos sem problema algum emprestar por analogia nossos direitos a essas criaturas Divinas e protegidas constitucionalmente e amparadas pelo direito de família, direito do menor e pelo direito dos inumputáveis e incapazes. Aos demais animais (humanos) resta apenas o Código Penal a ser aplicado com exclusividade (bem, nem tanta exclusividade assim, sabemos... pois há animais humanos e humanos...).

A decisão encampa a tese dos animais sencientes e se aplica a cães, gatos, papagaios, porcos, tartarugas, passarinhos, cobras (de estimação!!!), iguanas, peixes, sapos, macacos, ratos e roedores de modo geral (incluindo esquilos e morcegos, mas de estimação!), capivaras, cavalos, bois, vacas, piranhas, galinhas, cadelas e, lógico, os asnos, burros, jumentos e demais asininos. Dependendo de como o animal é estimado (a senciência está ligada a capacidade do animal ser domesticado e estimado), outras espécies podem ser incluídas como os tamagochis e as tarântulas de aquário.

Bem, o processo está em segredo de família, mas os próximos passos, de acordo com a lei aplicável, será ouvir o Ministério Público, já que se trata de um animal incapaz (humano ou não, na verdade, nem faz diferença, se eu, estagiário, bem pude entender do que disse a sentença). O juiz também terá que fixar os alimentos desse incapaz e logo muito em breve, deverá tomar a oitiva do incapaz em audiência, para verificar com precisão se a tutela está sendo deferida para alguém que possa educar devidamente esse incapaz (art. 161, §3º da Lei 8.069/90).

É importante, para fins de jurisprudência, lembrar que agora quem não pagar os alimentos de animais não humanos tutelados pelo ex-cônjuge (ainda que havidos fora do casamento) poderá sujeitar-se, como cônjuge facínora e caloteiro, à prisão civil por dívida de alimentos.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Oráculo

To Vera Cruz Times

"2017, D-Sen & Secretary of State Hillary Diane Rodham Clinton will move back
to an old address she lived a few years ago: 1600 Pennsylvania Avenue NW, Washington, DC, 20500.
Kawó Kabiesielé! "

Walt from Shangow, Rev.

Presentes nas Empresas


Caderno Empresas
Por Bill Taney

Na Coluna de hoje, comentarei sobre o sadio hábito de dar presentes.

Na China, até os dias atuais, as pessoas se dão presentes como forma de conviver: é a política do guanxi. Esses presentes podem ser favores, um envelope com alguma quantia modesta de dinheiro (nada importante ou volumoso, algo com US$500 a U$1,000 em espécie está ótimo), jóias de pequeno valor, jantares... pequenos agrados.

No caso dos chineses ou dos sino-associados, alguns presentes devem ser evitados: objetos alvinegros – o preto e branco é cor de funerais na China, portanto, roupas, camisas de times com preto e branco, para um chinês, equivale desejar que ele morra, embora, no Brasil, também assim deve ser entendido; número quatro – o ideograma e a pronúncia são parecidas com a palavra morte em chinês; livros – o ideograma para livro ou livros, em chinês, é semelhante ao ideograma “perder”.

Assim, por exemplo: se você der uma camisa do Corinthians para um chinês é mau sinal – essa é a razão pela qual eles compraram os principais jogadores para que você possa presentea-lo corinthianamente sem desejar-lhe sentimentos funéreos. Do mesmo jeito um livro: dar livros de presente, além de sinalizar que você acha que seu interlocutor precisa ler mais, você sinaliza a ele que perder a amizade dele não é mau negócio para você.

Veja então, leitor, por meio do exemplo dos chineses, como dar presente é uma prática

importante e vital dentro da vida empresarial.

Comece dando presentes internamente, para pessoas de boa posição na empresa: seus chefes, seus clientes internos, os chefes de seus chefes. Veja como o trabalho fluirá melhor a partir da adoção dessa política de trabalho e identifique isso na sua avaliação.

O presente interno nem precisa ser um objeto. Pode ser um serviço que você saiba fazer.

Exemplo: quando trabalhei em uma grande empresa, havia um rapaz modesto que gostava de estar sempre a disposição do chefe. Como ele era menos capacitado para o trabalho que fazia parte do objeto social da empresa, ele se dispunha a ajudar o chefe em tarefas mais simples. No começo, ajustando-se à desculpa do chefe para a falta de atendê-lo, dispôs-se a levar o chefe até o aeroporto (uma espécie de carona de ida e volta). No trânsito da metrópole fluminense, aproveitaria para, levando o chefe até o aeroporto, discutir temas importantes. Mas fato é que, como ele trabalhava menos que todos, trabalhando as vezes muito pouco ou mesmo nada, coincidentemente nenhuma instrução tinha a receber e corria o risco, ainda, de ter o chefe a descobrir que ele nada fazia: das 8hs as 20hs, todos os dias (sábados inclusive). Mas essa oportunidade foi dourada para o notável jovem aprendiz! Com o segundo mote de que tinha tanta coisa para fazer (sim, era mentira) e que poderiam aproveitar melhor aquela viagem até o aeroporto discutindo temas mais amenos para evitar o estresse antes de viagem tão importante do chefe, acabou por, no papo descontraído, descobrir muitas coisas pessoais que os outros colegas não sabiam. E assim foi descobrindo coisas do chefe nessas pequenas viagens em que o chefe economizava o táxi até o aeroporto e ganhava um amigo inusitado. Pois assim foi... “Reunião hoje? Eu levo!”, “Já sei – tem aquela palestra do outro lado da cidade? Eu levo”. Ao longo do tempo as caronas eram só de ida, pois o jovem aprendiz acumulava tantas informações sobre as aspirações, desejos, necessidades, reclamações e devaneios do chefe, que passou a trabalhar para essas aspirações, desejos, necessidades, reclamações e devaneios. E depois eram só de ida pois bastava ir até a empresa, bater aquele papinho, tomar aquele cafezinho e se o chefe precisava apenas ir até uma reunião não-sei-onde, ele levava e depois encerrava o dia de trabalho, indo para casa mais cedo, enquanto os outros ficavam na empresa fazendo aquele trabalho mais duro, que tanto haviam se esforçado os demais para ficar exclusivamente com as tarefas com o fito de excluir o coitado do jovem aprendiz. Para todos os efeitos, ele tinha conquistado o privilégio do home office, que na empresa era chamado de sneakers office. Começaram a falar mal do jovem aprendiz e dizer que ele era bajulador e não trabalhava. Mas era mentira. Ele trabalhava muito. Passava o dia na internet e nas redes sociais conseguindo coisas incríveis para o chefe, enquanto os demais, apesar de conseguir uma ou outra coisa incrível para o cliente, deixavam o chefe de lado tamanho o número absurdo de clientes. E essa saga de ajeitar a vida do chefe fo longa para o jovem aprendiz. Vejam: pois logo o jovem aprendiz havia descoberto que o chefe precisava trocar de televisão mas não tinha tempo para isso. O que fez o jovem aprendiz? Passou o dia pesquisando televisões e achou o melhor modelo pelo valor mais em conta e, usando seu cartão corporativo, comprou a televisão para o chefe. O chefe gostou muito! E ainda deu um jeito de justificar o pagamento do cartão corporativo como forma de gratidão junto ao jovem aprendiz. E então, com a chegada do aparelho em casa, a surpresa. O chefe não sabia instalar. Mas lá foi o jovem aprendiz na casa do chefe e instalou o aparelho. Mas era um aparelho tão moderno e tão cheio de truques, que o chefe não sabia mexer no aparelho. O aprendiz estudou de “fio a pavio” o manual do aparelho e foi assistir televisão com o chefe por um mês, até que o chefe pudesse aprender a mexer no aparelho e acompanhar as séries sozinhos. Mas sentiu falta do jovem aprendiz, pois os comentários dele sobre os episódios eram tão percucientes que assistir House of Cards sem o jovem aprendiz era como assistir Star Wars sem som. Mal sabia o chefe que o jovem aprendiz passava o dia se preparando para esse momento. Estudava os episódios e lia tudo sobre a série. Sabia até das melhores interpretações e o que cada cena significada segundo a filosofia platônica e o budismo Terra Pura. E assim, messes encontros, caronas, e outras atividades, o aprendiz passou a contar para o chefe quem, na opinião do aprendiz, eram pessoas legais com ele, aprendiz, naquele ambiente de trabalho. E o aprendiz, biblicamente, criticou todos. Na verdade, eram todos uns fofoqueiros e ficavam falando que o aprendiz era um “puxa-saco” e isso deixava o aprendiz triste e isolado nas festas da firma. Mas já notando esse isolamento, o aprendiz passou a frequentar a mesa dos chefes, pois ninguém gostava daquele “pascóvio”. O chefe começou a perceber isso. E as tarefas aumentaram: reforma do banheiro, troca de carro, reserva de restaurante e, bem, conselhos matrimoniais. Na reforma de banheiro, trouxe uma latrina do Japão, com todos os recursos hídricos e musicais. Mas o chefe não sabia usar tudo aquilo e para despertar o encanto no chefe, fez-lhe gratuitamente umas demonstrações de uso da nipolatrina. Então a esposa do chefe começou a se incomodar com o aprendiz vindo tanto na casa do chefe e assistiam televisão juntos, se trancavam no banheiro juntos, enfim, faziam coisas demais juntos. O aprendiz não teve dúvida e levou o chefe nos melhores ambientes de amor e patricinou momentos inesquecíveis para o chefe com todas as mulheres de todas as casas que o aprendiz passou semanas pesquisando. Até que notou que havia chegado aa hora do chefe se assentar e arrumou uma amante para o chefe, com local de encontro, tudo ao gosto do chefe (e da amante também – aprendiz sabia agradar o chefe...). Logo sempre ia nos mesmos locais de gosto do chefe, passou a frequentar o mesmo clube, torcer para o mesmo time – essas coisas. Descobriu os pratos prediletos do chefe, aprendeu a cozinhar e começou a fazê-los para o chefe, em festas estrategicamente planejadas em que todos os convidados faltavam e só vinha o chefe. Isso foi lhe franqueando um certo acesso que os demais, muito ocupados com o trabalho mesquinho e a fofoca corporativa, não tinham. Ao longo do tempo, os “tagarelas” foram sendo demitidos – um a um. O aprendiz ajudou o chefe na recontratação e na reformulação da equipe, pois o chefe não tinha tempo com essas coisas de entrevista e escolher alguém para fazer o trabalho. Mas o aprendiz, em um jantar do baixo clero da empresa (o chefe não estava) chegou a declarar que faria “de tudo” para o chefe quando foi advertido que a palavra “tudo” seria muito ampla e poderia envolver... “tudo e qualquer coisa”. Sua resposta foi “tudo é tudo”. Todos se riram, até ele, o notável e dedicado aprendiz. E assim foi sendo construída a carreira desse dedicado aprendiz, que após o segundo casamento do chefe, se tornou o principal Auxiliar e vice-algo na área. Mesmo porque, ele havia contratado todos que então passaram a trabalhar para ele, pois ele é que tinha os detalhes das instruções do chefe e como o chefe gostava das forma como as coisas fossem feitas. Mais: recontratou todos pela metade do salário de cada um dos anteriores, equilibrando o budget da área a seu favor e, lógico, a favor do chefe, que passava a pagar uma pensão pesada. Com o tempo, sua técnica de presentear foi alastrada para o relacionamento com os clientes e esse aprendiz se transformou em campeão de vendas e um dos mais sensacionais executivos com uma carteira de clientes de fazer inveja até para Steve Jobs. Esse gênio corporativo, então, passou a presentear também fornecedores, clientes e tudo – mas veja, sem tirar um centavo do próprio bolso. E as vezes fazendo com que outros fizessem pelo cliente algo gratuito, ficando em débito com ele, que jogava esse débito de guanxi numa espécie de clearing de favores que ele criou dentro da empresa. Como um intermediador de presentes, o jovem aprendiz passou a ter tanto sucesso que começou a sair na Caras, na Forbes, na Exame, na Veja e nesses outros veículos menores que o nosso notável Diário Bola Preta. Bem... Num belo dia, o chefe recebeu a visita do Japonês da Federal sem saber porque aquilo estava acontecendo. Era verdade, o chefe não sabia de nada, não tinha a menor noção do que estava ocorrendo e o que aquele nipopolicial lhe atribuía. Foi um desastre, mas, enfim, foi o que foi e até hoje ele diz que não sabe de nada e todos se riem. O aprendiz, já um vice-algo naquele tempo, se tornou o principal executivo da empresa e hoje ele vive feliz para sempre. Os outros colegas viraram vendedores de sapato, de Barsa, alguns têm blog sobre algum assunto desimportante, outros resolveram virar professores de qualquer coisa e as respectivas carreiras sucumbiram, ao contrário do jovem aprendiz, hoje CEO do Século!

Veja leitor como dar presente é importante no mundo corporativo.

Isso era coisa de família antes, mas hoje é verdadeira técnica de gestão empresarial.

Moverá não apenas a sua carreira, mas, sobretudo, move a economia do país.

O país cresce com os presentes e como todos sabemos, isso não é ilegal.

Algumas empresas equivocadamente inventaram políticas de “dar e receber presentes”. Isso é um atraso ingnominável. Se você trabalha em uma empresa com esse tipo de política nefasta, terá que ter criatividade para exercer o seu guanxi e minha recomendação é que mande seu curriculum e tente ingressar em uma companhia mais condizente com a realidade e com o progresso nas técnicas de administração de empresas modernas.

Se a sua empresa é uma companhia moderna e vencedora e dispensa esse tipo de política retrógrada e equivocada, parabéns!!!, você é uma pessoa de sorte e deverá empregar todos os seus esforços em sua carreira no ato dadivoso de dar presentes, começando, logo em seu estágio, com os pequenos chefes e na medida de sua exposição, você será demandado a sofisticar a sua técnica, quanto mais sofisticadas forem as pessoas que você for se deparando nessa subida de degraus.

Mais adiantado em sua carreira (é a última fase do jogo Call of Duty: Corporation), você será demandado para montar cozinhas na casa do seu chefe, reformar o sítio dele, cuidar da cobertura dele em alguma instância praiana (de preferência aqui em nosso Estado, para gerar impostos aqui, por favor!) ou até mesmo dar de presente o próprio sítio ou apartamento, de preferências com peladinhos divertidos boiando no lago.

Esteja preparado, portanto, em sua carreira, para esses desafios e faça como o nosso grande JOVEM APRENDIZ, que hoje é um homem de sucesso: saiba dar presentes e não se preocupe em receber, pois a vida é um presente de Deus!!!

Na próxima semana voltaremos ainda no tema do presente no mundo corporativo com mais histórias edificantes!

Até lá!