Acompanhamos há anos a coluna de Jânio de Freitas.
Desde o escândalo da rodovia Norte-Sul em 1987, por meio de sua engenhosa "sacada" de usar os classificados para anunciar favas contadas, Freitas é lido e não por prazer (muito pelo contrário), mas porque Freitas revela o que pensam suas fontes que, mantenha sigilo ou não, todos sabemos muito bem quem são. Acompanhamos o indigitado jornalista desde os tempos em que ainda não era coluna, mas, sejamos honestos, já era viga de sustentação de uma certa militância jornalística.
Reunidos para pauta, os jornalistas deste secular hebdomadário têm pedido para se manifestar, pois Freitas faz afirmações de cair os cabelos, seja em política, seja em economia, seja em assuntos internacionais, seja em assuntos locais, enfim - costuma se meter de maneira ora pretensiosa, ora arrogante em todo e qualquer assunto. Consta até que já escreveu sobre futebol.
Mas a área que mais causa consternação vem da gritaria que ouço da turma do nosso Caderno de Cultura: difícil esconder mas Freitas é talvez um dos maiores assassinos da língua vivos em atividade na Imprensa do Brasil. Se a morfologia é arrumada pelo corretor ortográfico, o péssimo hábito (no caso dele, que dá mostrar claras de necessidade desse recurso) em desligar o corretor sintático lhe permite escrever textos em que jamais deixou passar aquele hábito tosco de escrever frases sem predicado, vez ou outra sem verbo, vez ou outra com adjunto adnominal depois do ponto. Sei que os progressistas da língua (exceto Chomsky) vão fazer troça desta observação que o Professor Pinto Cançado nos ensina ser algo muito além do estilo e bem situado no erro.
Esse tema do "estilo", que revela o próprio homem, aparece também em outras searas, com destaque para a política e para a parte internacional.
Pois bem - depois de tanto ouvir reclamações e pedidos de sinal verde para que possam escrever, resolvi eu, editor chefe, poupar meu time e, com as teclas em mão, dar voz a todos e protege-los, cada um e cada qual, em seu anonimato de insurgência.
Justamente ele, o Cavaleiro dos Vazamentos Seletivos, põe-se em pé e a ordem para defender o Governo da Fralda Geriátrica (e muito provavelmente porque ele, Freitas, deve se compadecer das mesmas necessidades), dourando a pílula quando o fato (qual seja, a notícia) não favorece aqueles que se utilizam de seu grosseiro escudo.
Freitas faz do ofício jornalístico um peticionário digno de um rábula de qualidade duvidosa e panfleta um discurso que tenta esconder os fiapos de carne podre enroscados nos dentes de sua turma.
A de hoje, praticamente uma certidão de desonestidade intelectual, foi vazada nestas letras, sobre o Equador e o presidente que fora protegido por Tiko-tiko:
Correa deixa substancial redução da pobreza e muitos outros feitos de justiça social. Quanto ao seu autoritarismo, não foi mais do que o pulso forte que lhe permitiu bem concluir dois mandatos, eleger sucessor e fazer maioria parlamentarComo é que é isso, Freitas?
Deixa-nos ver se entendemos bem: Correa instala uma ditadura financiada com dinheiro da Petrobrás via Odebrecht (lembremos que o marqueteiro da campanha de Lenín Moreno foi o brasileiro Edinho Barbosa, substituto de 3a hora de Duda Mendonça e do casal João "Feira" Santana e Mônica "Xepa" Moura, com inúmeros serviços prestados a suas fontes e informantes). Ditadura sim, pois se democracia tem como características a liberdade de imprensa e a separação entre poderes e a ditadura se marca por prisões ilegais e perseguição política com desculpa jurídica de todos os inimigos do regime, o governo Correa, auxiliado por Tiko-tiko, pode ter sido qualquer coisa, menos democracia.
Entende, entretanto, o geriátrico néscio das letras truncadas que "justiça social" social e redução da pobreza, se acompanhadas de mandato fixo e eleições regulares aniquilariam o argumento de que no Equador se vive uma ditadura.
Freitas, seu burro: esse é exatamente o mesmo argumento usado pelo "Capitão Bolsonaro" para falar da Ditadura Militar no Brasil - Castello foi eleito pelo Congresso, não houve interrupção das eleições no Brasil, a rotatividade no poder foi fato inquestionável e uma série de números que comprovariam a melhoria das condições econômicas no Brasil (que muitos chamaram religiosamente de "Milagre Econômico") também podem ser usados "pelo outro lado" para justificar que os militares na verdade tiveram apenas não teriam tido "mais do que o pulso forte que lhe(s) permitiu bem concluir 5 mandatos, eleger sucessor (Sarney) e fazer maioria parlamentar (até 1985)".
Ora, faça-nos o favor, Senhor Freitas.
Isso lá é coisa que se diga sobre o maior exportador de bananas do mundo (literalmente)?
Freitas não segue, jamais seguiu e sabe-se, nunca seguirá a fórmula de Millôr que conclama todos os jornalistas a militar na Oposição, seja o governo que for.
E sabe-se que se o resto é armazém de secos e molhados, dadas as deficiências de Freitas com a gramática, podemos notar que seu armazém nem os secos tem entregue.