Caderno de Economia
por Lord Kauss
Passava pela redação e vi uma Bíblia aberta, que dizia, Se eu quiser que ele permaneça vivo até que eu volte, o que importa?
Que belo ler isso, justo no dia da minha volta!
Foi por benevolência ao Brasil que voltei com estas soluções: queriam que eu dissesse a eles quando me perguntaram, "mas mestre, o que fazemos agora?" e eis que vos disse, "não é hora de alugar o Brasil; nunca foi... os tempos são outros, de figuras mais modernas - fique comigo e eu o explicarei".
E assim expliquei -
Já falaram em alugar o Brasil, já falaram em vender para os Franceses, já falaram em colonizá-lo novamente (belgas ou suíços, não me lembro bem para quem desejavam) ou devolvê-lo para a Coroa de Portugal, dividir tudo novamente em novas e novíssimas Sesmarias.
Errado.
São soluções medievais, feudais; outras muito contratuais, coisa daquele liberalismo de madames do Século XVIII.
Os tempos são outros e estamos atualmente na Era das Operações Estruturadas.
Entendo que, sob o ponto de vista econômico, a solução para o Brasil seria aliená-lo fiduciariamente em garantia para os EUA e depois de volta para o Brasil, deixando os EUA na posse direta da coisa toda.
Lá isso se chama, talvez, chattel mortgage, mas em verdade vos digo, não há nada que se pareça com a nossa alienação fiduciária lá, nem aqui com o chattel mortgage.
Far-se-ia assim, oh - pegamos um dinheirão e meio que vendemos o Brasil, mas não entregamos. Mantemos a propriedade, a soberania e todo esse aparato caralhal que tanto amamos. Isso fica conosco. Mas a posse direta e o poder para administrar essa porra toda vai para esse consumidor/comprador, o Tesouro Americano, o Fed ou algo que para nós não fede (nem cheira).
Ele não paga a vista. Vai meio que pagando parcelado e podemos combinar que ele apenas retorna legalmente juros (ou taxas de serviço) para si na medida em que vai limpando o país da corrupção. Cada pixuleko a menos é distribuído diretamente na conta corrente de cada cidadão brasileiro pelo novo governo americano que estiver na posse direta dos prédios de Brasilia. O resto pode ficar para ele, digamos assim, o spread da operação. Na medida em que os EUA diminuírem a corrupção local, para cada real recuperado, esse mesmo real volta para a conta de cada brasileiro. Podemos até criar uma proporção em que pobres receberão mais que os ricos e que o cidadão metido na farra não recebe um centavo. A combinar, ou, to be discussed (TBD).
O resto, o dinheiro dos impostos, o administrador tira para ele, como se fosse uma taxa de sucesso de administração desse grande fundão chamado Brasil, esse grande trust dos Trópicos.
Para cada real de imposto que o administrador arrecadar, esse real, se não usado para a geração de outros e novos reais (e, convenhamos, se quiser dolarizar também, tanto melhor), enfim, para cada dólar empregado na economia local que há de gerar outros 5, o administrador pode ficar com 80% dele, devolvendo 1 para o povo, a título de previdência - e ainda deixamos ficar com a metade dos juros dessa grana que ele vier a guardar.
O administrador vai se esforçar para acabar totalmente com a corrupção, pois com ela o ganho é menor e sem ela o gasto direto passa a ser zero depois alguns anos de faxina; irá investir muitos dólares para quintuplicar os ganhos diretos para si e reverter alguns dólares para o ganho direto (previdenciário) do povo.
Lindo, lindo, lindo!!!
Todos ficariam felizes, trabalhariam bastante, parariam de reclamar; todos iriam ter emprego, e os EUA, digo, o administrador do trustão iria se esforçar gigantescamente para todos estarem ocupados pagando impostos e brincando de índio atrás da bananeira.
O Brasil poderia manter em todos os cartórios o direito de propriedade e o vínculo real com a coisa, aquela relação de dono, de que é proprietário; e não qualquer proprietário, mas sim um proprietário fiduciário, que inspira confiança, algo que daria orgulho ao brasileiro, tão carente de reconhecimento. E brasileiros que somos, poderíamos de uma hora para outra dizer que os EUA seriam nossos empregados, nossos prestadores de serviço, seríamos patrões, credores, teríamos os EUA como nosso maior devedor - ah, que delícia!!! Que vontade de falar isso de novo de boca cheia - EUA devedor do Brasil...
E sabe, acho que eles nem iam ligar de ser chamados assim, contanto que botassem o spread no bolso, tudo ia ficar bem para todos; todos iriam ganhar, poderia o Brasil até voltar a ser monarquia ou mesmo virar uma República Comunista, o caraleo que o fosse... Seria tudo para distribuir alguns cargos, chamar alguém de Comissário disso ou Duque de Não-Sei-Onde (dá no mesmo) para que nas horas vagas possa andar com algum uniforme, ou, vá-lá, convenhamos, poderíamos ter vários nichos conforme os gostos (certamente os administradores do trustão iam criar esse "produto") e ai as pessoas podiam ir para os Estados mais comunistas e brincar de comunistas aos fins de semana, os monarquistas poderiam ter um canto só pra eles com uma FUNAI só pra eles também; os índios..., bem, esses, na verdade, fica tudo como está, não ia mudar nada... e assim por diante. Os liberais iam ter uma Disney para eles (o administrador ia mudar o nome do lago Paranoá para Lake Buena Vista Dinda e ia transformar a Casa da Dinda na Disney Distrito Federal)... enfim, cada um no seu canto...
E os dissidentes, oh, os dissidentes.
Há os comunistas cuecões, os socialistas fabianos, os sindicalistas obesos, keynesianos de quermesse, os rentistas do gel no cabelo, enfim, uma turma que quando percebesse que ia ter que trabalhar, ia querer dar no pé logo.
Para esses íamos dar dois caminhos. Para os comunistas, socialistas e a turma das pecinhas vermelhas do War, o caminho a ser facilitado seria a transferência com tudo pago e uma adaptação de primeira linha para viver no paraíso da esquerda, a Coreia do Norte.
Para os que jogam com as pecinhas azuis no War e gostam de falar liberalês, andar de jet ski com gel no cabelo e viver da renda do papai, íamos dar 3 opções de mudança para os EUA, tudo pago para se adaptar e lá viver e se ajustar a um estilo de vida cheio de liberalismo nos seguintes estados: Alabama, Mississipi ou Missouri. Passagem de ida sem volta.
Do we have a deal?