por José da Silva
Nosso hebdo foi convidado a responder carta de leitor querido e dileto acerca de comentários feitos recentemente por Paul Krugman em relação ao desmonte do Obamacare.
Krugman teria dito que os empregadores nos EUA tem impedido seus colaboradores de mudarem de emprego com base em finge benefits e na cobertura dada pelas empresas em planos de saúde. Eis o centro de sua argumentação:
Os conservadores norte-americanos adoram falar sobre liberdade. Milton Friedman escreveu um livro em favor do capitalismo que se tornou famoso, e virou série de TV, com o título "livre para escolher". E a linha dura da Câmara dos Deputados que pressiona pelo completo desmonte do Obamacare se denomina "bancada da liberdade".
Bem, por que não? Afinal, os Estados Unidos são uma sociedade aberta na qual todos estão livres para fazer suas escolhas sobre onde trabalhar e como viver.
Todos, é claro, excetuados os 30 milhões de trabalhadores sujeitos a contratos que os proíbem de trabalhar para concorrentes caso deixem seus atuais empregos; os 52 milhões de norte-americanos com problemas de saúde pré-existentes que na prática não poderão adquirir planos de saúde individuais, e portanto estarão presos aos seus atuais empregadores se a bancada da liberdade conseguir o que deseja; e os milhões de norte-americanos que arcam com o peso de suas dívidas, educacionais e outras.Nossa resposta foi nesse sentido:
Petição de princípio descarada.
1 - Essa situação foi criada pelos mesmos milhões, que fizeram essa bancada virar maioria no congresso e ter um boneco de Olinda na Casa Branca. Passarinho que come pedra..... Enfim - são todos vítimas do próprio voto, das próprias escolhas, da própria forma como exerceram a liberdade que ainda têm.
2 - Ninguém é preso a emprego algum. Da mesma forma que não posso dizer que a vitaliciedade prende um magistrado à carreira, não posso dizer que na terra da liberdade um "fringe benefit" desenvolvido por uma empresa possa ser carregado para a sua concorrente livremente e de graça. Num ambiente de concorrência as empresas hj já disputam funcionários pelos benefícios. Nada me impede de sair de onde estou pra dar notícias em outro lugar. Assim como um magistrado não se exonera à toa e, caso o faça, não acabará carregando o beneficio exclusivo da estabilidade para o setor privado, o tal trabalhador não pode levar um benefício securitário desenvolvido pela empresa X para o empregador Y que lhe promete o dobro do salário mas sem benefício algum (já que quero crer que ninguém sai para ganhar a mesma coisa ou menos e ter menos benefícios).
3 - Liberdade não é direito natural (se é que eles existem). A opção de ficar em casa é a mais democrática de todas. Não requer custos nem dificuldades. Nada é mais expressivo em termos de liberdade que o não-trabalho em sua acepção mais pura - a vagabundagem. A todos nos EUA é dado o direito de viver livremente como Gandhi viveu. É que ai tem que abrir mão de Coca-Cola, de Netflix, de Iphone 7 Plus, de Aspirina e de Doritos.... Saúde é o mote falso para síndrome de outro tipo de doença que há por lá, desde que Kennedy foi ver filme de raiz nascer por baixo.