sexta-feira, 12 de maio de 2017

Falta de noção

Dom Fernandes III

No editorial de hoje encabeçamos o confronto entre o conceito de falta de provas e o de falta de vergonha.

No dia de hoje o acionista controlador de um asilo de usuários de fralda geriátrica deu estas declarações sobre a questão das provas no processo em que o réu da 4a feira prestou o seu interrogatório:
A parte que vi demonstra claramente que essa acusação da compra do apartamento no Guarujá é falsa. Mas, de qualquer maneira, é obvio que a Operação Lava Jato vai procurar prender ou pelo menos incriminar o Lula. Porque isso faz parte, entre outras coisas, da política norte-americana. O Moro é, aliás, não digo um agente norte-americano, mas ele é sem dúvida um grande amigo dos Estados Unidos. Ele fez o seu curso de pós-graduação lá. E vai quase todo mês aos Estados Unidos.
Ora, para os americanos, a presidência do Lula não foi nada agradável. Assim que a Dilma caiu, graças aos esforços de um senador chamado José Serra, ele conseguiram quase imediatamente desnacionalizar o pré-sal e depois foram vendendo a Petrobras aos poucos. O que significa que já tiveram este resultado muito importante. Mas o outro resultado importante foi tornar muito difícil a vida dos Brics com a saída do Brasil. O que eu vi no depoimento é que não há absolutamente o menor indício de prova ou qualquer coisa que seja possível apresentar como prova.

Nota-se, dentre outras coisas, que a argumentação da falta de provas não é apenas intercambiável com a da falta de vergonha. Podemos também, dentre elas, listar as seguintes faltas fungíveis entre si com a falta de provas e a falta de vergonha:

(i) falta de higidez mental;

(ii) falta de saúde moral;

(iii) falta de higiene intelectual;

(iiii) falta de fralda geriátrica;

(v) falta de remedinho pra cabeça;

(vi) falta de banho;

(vii) falta de desodorante;

(viii) falta de leitura (expressamente confessada no trecho "a parte que vi...");

ou, pura e simplesmente.... falta de noção.