quarta-feira, 10 de maio de 2017

Paris, sempre Paris

Vera Cruz Times
por José da Silva

A França e sobretudo Paris, sabe bem ao certo como se manter em forma quando o assunto é política.

Ao eleger Emmanuel Macron, em um turbilhão de coisas de forma estranha e feia, a França, com o seu típico charme continental e seu ar blasé (que por lá é le France e não la France), dá um passo rumo ao novo sem soar velho, anacrônico, fascista ou simplesmente feio.

Paris foi a grande responsável por eleger para a França seu presidente mais jovem, ex-banqueiro e que transitou nas várias matizes da política francófila.

Macron, de casamento único com sua ex-professora e, dizem muitos, mulher inteligentíssima, traz um padrão de casamento que as pessoas médias (tanto a esquerda quanto a direta) não estão acostumadas a ver.

Macron recupera algo que a política vinha perdendo por lá e já perdeu mundo afora há tempos: a polidez. Macron é polido sobretudo quando diverge. É firme e incisivo, não titubeia e venceu com louros a política do diferente na base da truculência e da arrogância, coisa que só Le Pen e Dilma Rousseff são capazes de encampar nesta Era Trump.

Macron mostra que para mudar e ser diferente é essencial ser fidalgo, polido e não ser truculento.

Não é um político facilmente definível - não é de esquerda, não é de direita, não é totalmente liberal nem totalmente socialista, é austero e ortodoxo sob o ponto de vista econômico, mas tempera sua ortodoxia com pitadas de integração de minorias, que o leva a ser um globalista pro-sociedade e franco defensor do estado mínimo e da gestão fiscal responsável.

A França enterrou o seu socialismo Mitterrandiando, que já fazia hora extra no continente que não aguenta mais essa história do bem estar social que se transformou em mau estar geral. Não chegou a enterrar o outro socialismo, o nacional-socialismo de Le Pen, que, dizem, cresceu, mas, entre nós, sabemos - chegou no pico de sua curva de crescimento. Daqui para diante Le Pen tende a voltar para seu ponto de origem: algo entre o ridículo e o insignificante.

Não que Le Pen tenha ido mal em sua campanha, mas ela mostrou exatamente quem é: alguém com grandes e amplas chances de fracassar como administradora pública - nada mais do que isso.

Macron traz não apenas um jovem para a gestão pública, mas traz um jovem com ideias modernas que, muito provavelmente, poderão dar palco a uma nova Revolução a partir da França.

E boa parte das ideias de Macron nos levam a crer que ele não apenas lê português, mas que certamente acompanha a linha editorial dos Diários Associados Bola Preta, sendo, sem dúvida, um voraz leitor de nosso Vera Cruz Times.