Caderno de Assuntos Menores
por Eugênio Villas
Esta semana, a patrulha da imundície mais uma vez ocupou seus horários de escovação dental diária para se incomodar com o lado faxineiro do Prefeito Dória.
Espantaram-se que a varreção, por outro lado, apresentou-se nas estatísticas com uma certa diminuição do lixo recolhido neste primeiro mês de prefeição.
Ora, ora..., estatística séria tem que ser baseada num espaço amostral ligeiramente maior. Dizer que o recolhimento do lixo diminuiu 3% no período de férias escolares dá vários indícios de outras coisas que não querem dizer... ABSOLUTAMENTE NADA.
Em primeiro lugar, recolhe-se menos porque nessa época os porcos de plantão vão jogar lixo no litoral e, sendo jogado menos lixo nestas bandas, recolhe-se menos produto dos hábitos de imundície dos paulistanos, que vão exercitá-los no litoral. Não precisa ser muito esperto para notar porque no mês de janeiro o volume de lixo é menor gerando, portanto, uma quantidade menor do lixo recolhido.
Há também, depois, em segundo lugar, as próprias férias escolares. Aluno, seja da rede pública, seja da rede privada, é um protótipo de Brasil perfeito e em fase de acabamento: literalmente "caga e anda" - enquanto vai andando, joga papel de balinha, espalha farelos, pisa em merda de pomba e esfrega a sola na parede (isso sem falar nas estalactites de muco nasal, vulgo "catota" sob as carteiras e mesas nas salas de aula). Os mais conscientes fazem ainda campanhas de sustentabilidade e de reciclagem, com recolhimento consciente de resíduos e outros palavrórios bonitos para um mesmo resultado: LIXO. Em uma um outra situação, as escolas deixam de contribuir com a sua parcela de lixo a ser recolhido.
Bottom line, entra aqui a cultura popular, que já foi usada para explicar responsabilidade fiscal: medimos a eficiência de uma faxineira em nossas casas não pela quantidade de sacos de lixo que ela coloca no latão central do prédio, mas sim pela quantidade de lixo e sujeira que fica. Pouco me importa se ela ou ele "recolhem o lixo" 6 vezes por dia, sempre sobrando em casa um ou outro casco de refrigerante em meio às migalhas do café da manhã; ao passo que se a casa está sempre limpa e "nos trinques" quando o recolhimento se dá 1 vez ao mês, intrigo-me com a mágica da eficiência: de duas, uma - ou o funcionário joga lixo pela janela e varre sujeira para baixo dos tapetes ou no primeiro caso dos 6 recolhimentos diários ainda gerando resultados negativos de lixo em mesa, temos ai um caso de porquice contumaz de minha parte.
Aproveitando esse último gancho lógico, mais uma vez o paulistano ao reclamar do lixo que diminuiu por causa do volume que se joga bem menos durante o mês de janeiro, dá a prova documental de que um povo porco esquerdo-chauvinista.
Mantenho a dica: tomem banho que essa implicância passa e aproveitem para usar esses momentos de implicância para aumentar a quantidade de exercício de escovação dentária diária.
A saúde de todos agradecerá.