Caderno de Política
por Cícero Esdras Neemias
Donald J. Trump acaba de fazer o seu discurso de posse.
Resumindo os seus 15 minutos de fala, ele se enveredou por momentos de puro populismo, se colocou como o legítimo representante dos pobres dos EUA, fez afirmações altamente nacionalistas, foi radicalmente antiglobalização, atacou as nações estrangeiras como as verdadeiras culpadas pelas crises que os EUA enfrentaram nos últimos tempos, disse que os políticos representam uma classe dominante que explorou esses pobres para beneficiar essa pequena casta, falou que vai investir em infraestrutura (pontes, estradas, aeroportos, portos, ferrovias) e que vai devolver o emprego para os americanos. Falou também em proteger a indústria local, falou nas campeãs nacionais americanas, falou em subsídios para combater o capital estrangeiro, falou na defesa das fronteiras contra traficantes... Falou em acabar com as diferenças entre "black, brown and white" pois todos tem o mesmo "red american blood".
Não disse absolutamente nada diferente do que disse Dilma Rousseff em suas duas campanhas, nada diferente do que vem dizendo Lula em sua campanha para 2018 (e que recicla o que havia dito na campanha pós-Mensalão), nada diferente do que vem dizendo Ciro para o mesmo 2018.
São incrivelmente todos farinha do mesmo saco.
O populismo não olha para a esquerda, nem para a direita; olha para si mesmo dizendo que ao olhar para si mesmo, vê-se em si mesmo o próprio povo. E quem está no centro total do universo em discurso populista, tem o mundo a sua volta, em 360º: esquerda e direta estão por todos os lados.