Caderno de Economia
por Magnus Blackman
Fui eleito, na fila de jornalistas que estiveram no offsite, a escrever umas das primeiras resenhas do ano.
Procurei por assuntos da moda em economia e... nada!
A inflação voltou para o centro da meta (próximo de 6%) e o presidente Lulja disse que fará toda a força para ir para o centro da meta (próximo de 4%), mas a sua ideia constitucional brilhante lhe permitirá gastar por conta e inchar o Estado mais 6% (qual seja, 2% acima do que foi economizado)...
Enfim, nada no front da economia.
O assunto da moda é presídios, o que, cá entre nós, não é novidade nenhuma neste Diário. Falar sobre o impacto das reformas daqui de fora para os presidiários, para nós do Bola Preta, é assunto mais do que trivial.
Mas de repente um confronto de facções fez quase um Carandiru entre Manaus e Roraima. A esse evento podemos sim chamá-lo de Roraimada!!!
Foi uma Roraimada, como diria a maior filósofa da história das Galáxias.
96 é o número total, so far (praticamente um megadeth para os direitistas humanistas, but, so far, so good... so what?).
Isso, lá dentro do sistema.
Aqui fora o número é outro.
E como economista que gosta de estatísticas, o assunto da moda até que não me caiu mal. Temos todos os números daqui de fora para depois voltar a analisar o que está acontecendo lá dentro.
Sabe-se que no front econômico o período entre 2008-2015 fez catástrofes na economia brasileira, repetindo fórmulas peronistas de desgraça (ou castristas, alledistas, sandinistas ou o caralhista que o valha). A máquina pública virou um grande Garfield: um gato gordo, preguiçoso, mal educado, antiético, antigiênico, sujo, desonesto, guloso, irônico e, por que não?, muito engraçado (convenhamos, Rousseff discursando é de chorar de rir!).
A inflação explodiu nos dois dígitos, o desemprego se perdeu em taxas acima de 12%, juros subiram, o PIB derreteu e conseguimos, com números, transformar uma recessão em verdadeira depressão, com uma quase dominância fiscal e uma estagflação quase acadêmica (modelar, digamos).
Mas outros números do lado de fora também espantam.
Vejam esta tabelinha:
Este é o mapa dos homicídios ocorridos no Brasil mais ou menos no mesmo período em que a inflação, o desemprego e a máquina pública explodiram. Explode também nesse período os números referentes aos dados de corrupção (digamos, o valor rapinado em termos absolutos...): desaba a nossa média no relatório Transparência e, consequentemente, o nosso IDH (vai lá e olha, leitor - não vou ficar aqui recortando e colando tantos números em coincidência gráfica).
Pode ser apenas um dado de freaknomics, uma coincidência, um devaneio, uma correlação sem respeito a regras básicas de econometria, enfim, name it - mas os dados estão ai.
Relacione-os ou não, como quiser.
Do meu lado, quero apenas analisar esses números sem relacioná-los a outros (por enquanto).
Em outubro de 2016 o IPEA soltou um relatório curioso. Na análise do IPEA, refrasearam os números em observações óbvias: "Ao observar a variação das taxas de homicídio no Brasil nos últimos 11 anos, percebemos dois períodos distintos. Enquanto o primeiro deles, que segue até 2007, é
representado por uma pequena diminuição da taxa de homicídio no Brasil, o segundo, que vai
de 2008 a 2014, é caracterizado pelo crescimento dessa taxa".
O número total de homicídios no Brasil entre 2004 e 2014 é de 576.772 (homens, mulheres, crianças, pobres, ricos, negros, brancos, pardos, fardados, não fardados...).
Estima-se (são números preliminares) que em 2015 esse número bateu na casa dos 58.000 e que para 2016 esse número bata na casa dos 60.000.
Geramos, com essas estatísticas, numerologias curiosas: no Brasil, temos aproximadamente 7 assassinatos por hora, ou um homicídio a cada 7 minutos. Isso equivale dizer que no começo de sua leitura deste texto, alguém foi assassinado e ao final, outro o será. Para meu conforto como articulista prolixo, pelo menos ninguém morrerá assassinado no meio da leitura (exceto pelo tédio, que as estatísticas não capturam).
Projetando esses números para o globo e para a relatividade de nossa população, temos no Brasil uma taxa de mais de 29 mortes para cada 100 mil habitantes. São números que superam zonas de guerra, ISIS, Al Qaeda e aberrações que tais. Se abrangermos o mesmo período em que Síria se encontra em guerra (desde 2011), vamos ver que os jurisdicionados do ditador Al-Assad matarem-se entre si algo em torno de 256 mil pessoas e os jurisdicionados de Rousseff/Lulja+CV+FDN+PCC+Milícias fizeram lá as suas 279 mil vítimas.
Com isso, atingimos uma meta e dobramos, como nunca antes na história "destepaiz": somos campeões mundiais em "acidentes" (como diria Lulja) superando zonas de guerra (imaginem o dia em que entrarmos em guerra!!!).
Se somarmos ao total apurado até 2014 as perspectivas esperadas para os números de 2015 e 2016, iremos facilmente constatar que chegamos perto de 700.000 "acidentes". Se incluirmos o ano inicial do governo Lula, facilmente bateremos 750.000. Ao fim de 16 anos de período PT/PL[PR]/PMDB poderemos, se os números mantiverem essa tendência, bater algo em torno de 850 a 900 mil "acidentes".
Os 21 anos de regime militar autoritário (1964-1985) fizeram, segundo o relatório Brasil Nunca Mais complementado pela "Comissão da Verdade", um número de 434 pessoas. A ditadura chilena fez seus 40 mil mortos; a argentina (cuja nação nunca foi boa com números), 10 mil; a cubana, 136 mil.
A Guerra da Secessão fez 620 mil mortos, uma das mais sangrentas guerras civis da história.
E por ai vai... E por aqui fica...
Por outro lado, até o fim desse período (2014) em que analisamos os homicídios do lado de fora, o Brasil contava com uma população carcerária de... 563.526 pessoas presas (nesse número não entram as prisões domiciliares ou os presos em regime aberto, mas apenas aqueles que representam ao menos um ou dois marmitex por dia saídos dos impostos que pagamos).
Para cada pessoa morta do lado de fora (e uma ou outra no lado de dentro) no período entre 2004-2014, temos uma pessoa presa. De 2013 para 2014 tivemos quase 60 mil homicídios para 40 mil novos detentos (não entram nessa estatística os que eventualmente saíram do sistema, o que pode aumentar essa taxa de "detentos novos" especificamente para o ano de 2014).
Vejam no gráfico abaixo a evolução da população carcerária no Brasil:
Curiosamente, a "turma dos direitos humanos" que esteve no poder durante o governo PT, deu conta de fazer um aumento na casa dos 270% da população carcerária.
Homicídios, desemprego, população carcerária, inflação, recessão/depressão, máquina estatal, corrupção: são coisas que só a trinca Lula/Rousseff/Lulja fez pelo Brasil in a row.
Nesse período os negócios carcerários se estabilizaram, assim como os negócios entre partidos e empreiteiras.
Voltando ao cárcere agora, os dados mostram que 65% dessa população responde por tráfico/roubo/homicídio (demais crimes envolvem receptação, latrocínio, estupro e outros "afagos" ou "acidentes", como diria Lulja).
E para resolver esse problema todo o governo Lulja resolveu doar, por meio de 40 bibliotecas públicas, algo em torno de 20 mil volumes em livros para cadeias do Brasil afora (o que levou uma mãe de aluno a se indignar com essa doação de livros para os anjos do PCC, deixando de fora dessa benesse os travessos meninos e meninas que estudam na rede pública que só podem contar com o "kit gay" que dá propaganda para Bolsonaro e seus correligionários). Dizem até que a nova guerra entre PCC e CV/FDN poderá ter início por causa da distribuição desses livros - mandaram Marx para o PCC e os contos de Grimm para o CV e isso pode eclodir novos massacres entre essas "fracções" (facções com fricções).
Bem, apresentei os números, como bom economista e amante de estatística e não os analisei nem de dentro pra fora do cárcere, nem de fora pra dentro, do cárcere, do Brasil, da América, de onde quer que seja.
Apenas coloquei algo que torna qualquer discussão sobre 60 mortos, 33 mortos, 93 mortos, 96 mortos, 111 mortos, neste, naquele ou em qualquer presídio, um baita exercício de demagogia, de lado a lado.
Se o chefe mandar, eu retomo o assunto e analiso os números.
Do contrário, faça bom proveito, leitor, para discursos de aniversário a debates em mesa redonda sobre futebol - só não vá usar isso para os bate-papos de velório, por favor.

