segunda-feira, 4 de julho de 2016

Alinhamentos Políticos

Caderno de Política
por Cícero Esdras Neemias

O certo seria convocar um especialista em política internacional para fazer este comentário, mas a questão é tão óbvia que até um articulista do Caderno de Esportes como o Pataca seria capaz de produzir esta conclusão.

José Serra tem se posicionado de maneira bem diferente em relação aos seus predecessores. Talvez, buscando trilhar o mesmo caminho, tenta fazer no Itamarity o que FHC fez décadas atrás antes de pousar na Fazenda.

Fato é que alguns alinhamentos antigos estão se dissolvendo.

Curiosamente e muito disso revelado pela Lavajato e por outras operações do Caderno de Polícia mostram que as relações internacionais e as parceiras políticas multinacionais obedeceram um certo padrão de "amizade" e "ajuda mútua".

Política internacional, convenhamos, é algo binário, na base do "semelhantes se atraem". Assim foi com o Eixo na II Grande Guerra.

O mundo é hoje, sob o prisma político, razoavelmente binário: temos as democracias (alternância de poder, imprensa livre, instituições independentes, eleições com livres candidaturas e propostas múltiplas) e as não-democracias (ditaduras e nem sempre necessariamente ditaduras clássicas, mas algo como um estado sem alternância de poder, com imprensa controlada e cooptada em favor desse governante, instituições contaminadas, eleições nem sempre livres e candidaturas sob controle ideológico e político com propostas apenas simpáticas ao "sistema").

Sob o prisma da política internacional dos últimos 13 anos em que fomos governados pelo 13 neo-zagalliano, o país fez "amizade" com: Guine Equiatorial (a ditadura mais sólida da África e a amizade mais profícua com o Brasil mensaleiro, conforme revelou uma recente operação policial), Angola (uma das mais tradicionais guerras civis da África), Muamar Kadhafi (dispensa comentários), Sadam Hussein (dispensa comentários), Bashar Al Assad (apenas um comentário: foi condecorado com a Ordem Cruzeiro do Sul na qualidade de um herói nacional brasileiro [?!...]), Vladmir Putin (inclassificável), Almadinejad (o homem do Urânio!), Cuba (dispensa comentários), Venezuela, Equador (o governo que tem o apoio de Tiko-Tiko), China, Haiti e, se desse tempo, hoje estaríamos estreitando laços com a Coreia do Norte...

Estados Unidos, Canadá, México, Chile, Colômbia, Alemanha, UK, França, Japão, Finlândia, Dinamarca, Suécia, Itália, Cingapura, Coréia do SUL, Polônia, Israel..., enfim; essa gente toda, burguesa, honesta, transparente, falante, imperialista, exploradora, de fato, não interessou.

A Serra tem restado, portanto, talvez um carteado com a Argentina, que por motivos idênticos aos nossos parece estar jogando xadrez da política internacional consigo mesma.